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Sexo

Sou uma mulher adulta que ainda não sacou masturbação direito

Pedi a algumas especialistas dicas do que eu e muitas outras mulheres podemos fazer pra melhorar a siririca.

Esta matéria foi originalmente publicada na VICE Austrália.

Em 1996, no mesmo ano em que Monólogos da Vagina estreou num teatro off Broadway, escorreguei saindo do banho e machuquei minha vagina. Eu tinha quatro anos. Pelas semanas seguintes, andei pela casa pressionando o machucado e imaginando por que isso era gostoso e desconfortável ao mesmo tempo.

Minhas habilidades de masturbação não melhoraram muito desde então.

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Sou muito ruim de siririca. Mesmo fazendo isso desde que tinha, sei lá, uns 11 anos. Eu costumava colocar o travesseiro no meio das pernas e me esfregar na cama como uma criança fingindo ser uma minhoca num saco de dormir, mas isso não ajudava muito.

Com os anos, passei para garrafas de Sprite, depois para o cabo da minha escova de cabelo, depois para meus próprios dedos e, em 2015, meu namorado me comprou meu primeiro — e único atualmente — vibrador.

Tenho uma amiga que sofreu de vaginismo. Simplificando, esse é um transtorno que faz os músculos da vagina se fecharem e não deixarem nada entrar, do mesmo jeito que você fecha os olhos quando alguém ameaça enfiar o dedo neles. Ela teve que procurar um especialista que muito lentamente, por várias semanas, usou os dedos nela até que ela estivesse "curada". Bom, hoje ela se vira muito bem com um rabbit, enquanto eu estou aqui tentando descobrir se tem um jeito de acessar o omgyes.com sem pagar.

Aliás, o omgyes.com é um site que te dá 12 técnicas testadas e aprovadas para se masturbar. São vídeos e instruções passo a passo por $40 [cerca de R$125], mas sou mão de vaca mesmo e prefiro usar esse dinheiro em goró em vez de em informações úteis.

Bom, depois de uma noite sem sucesso gritando pra minha vagina, olhei minha cumbuca de cereal matinal e percebi que eu precisava da ajuda de um especialista.

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Waratah Karleu, Mestre de Ciência Médica em Saúde Sexual pela Universidade de Sydney, diz que ela aborda a sexualidade de "maneira consciente", e vê a masturbação como um jeito de explorar o próprio prazer. Ela diz que devemos cortejar a nós mesmas, acender velas, tomar um banho. Ela quer que as pessoas "movam a energia sexual para ser uma experiência de corpo inteiro; inspirando conscientemente energia sexual em nosso corpo". Ela nota que um parceiro não deve partir direto para a dedada.

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Nunca considerei isso antes. Mas me parece óbvio agora. Se um parceiro vai fuçando logo de cara na minha vagina sem nenhum tipo de aquecimento, parece que o cara está procurando as chaves do carro que perdeu. E por que eu ia querer fazer isso comigo mesma?

O problema é: acho masturbação solo meio chata. Não me entenda mal, tenho muito tesão. Várias vezes fiz meu namorado parar o carro em algum lugar porque precisava foder ali mesmo, numa mesa de piquenique, atrás de uma moita, qualquer lugar. Não importa, desde que ele também se sinta confortável com a localização. Porque eu me importo com ele, né.

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Então decidi aprender como evitar o tédio do sexo solo e me fazer gozar. Tenho certeza que isso vai me ajudar quando eu não conseguir dormir à noite. E quando estiver estressada. E quando eu estiver com tesão sozinha, quando estiver buscando inspiração criativa, estiver distraída, entediada no trabalho, fazendo compras num supermercado, presa num elevador, andando de bicicleta, esperando o trem.

Mas se não consigo passar do tédio, como posso me dar uma dose saudável de vitamina O? Pensando no que Karleu disse, me voltei para outra especialista para mais informações.

Imagem via.

Bonnie Bliss é uma sexóloga somática, terapeuta de massagem tântrica e professora — e principalmente uma especialista em yoni (vagina). Ela ensina mulheres a como descobrir suas vaginas por meio de um curso guiado de três horas chamado de "mapeamento yoni". Ela se opõe ao modo como as pessoas geralmente pensam sobre orgasmos, vendo isso como o principal objetivo, e diz que as pessoas devem aproveitar a jornada. "É um estado do ser que vem de se sentir relaxada e aberta, o que é difícil quando você está tensa com tudo", ela diz. "É aí que você tem esses espirros clitorianos que são apenas cansativos depois." Ela descreve um "espirro clitoriano" como aquele orgasmo que "parece ótimo por 4,5 segundos e aí você se sente exausta, o sexo acabou e você não quer mais ser tocada".

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Adoro um bom orgasmo. Meu favorito é aquele quando meu corpo parece cheio de bolhas e não consigo parar de rir depois, apesar de que isso geralmente acontece quando estou com parceiros. Acho que provavelmente me fiz gozar sozinha umas 15 vezes, no máximo. E uma das melhores vezes foi quando eu estava fazendo sexo por telefone com meu namorado, então nem sei se isso conta como sexo completamente solo.

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Bliss também falou sobre livrar a área pélvica de tensão. "Se você quer sentir sensações prazerosas, faz sentido primeiro aliviar essa tensão um pouco. Então dance, se movimente, faça ioga, não fique sentada o tempo todo, massageie a área você mesma." Ela diz que precisamos aprender a amar nossa vagina e dar atenção a ela, fazendo coisas como olhando para ela no espelho, pensando amistosamente sobre ela. "Vaginas não gostam de pressão ou vibes ruins", ela diz.

Sinto que há essa suposição colocada sobre as mulheres na adolescência de que elas devem ser especialistas em gozar, e a ideia de fazer isso da maneira normativa masculina, para uma mulher, é absurda. Como uma amiga minha colocou: "Se esfregando furiosamente enquanto assiste uma mina siliconada levando na bunda não é masturbação". E a fricção na sua boceta seria extremamente desconfortável, pra dizer o mínimo.

Tanto Karleu quanto Bliss têm visões similares sobre o "segredo" para orgasmos gigantes. É mais uma questão de tirar um tempo para se conhecer e se explorar melhor, e ter consciência da sua sexualidade.

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Noite passada, eu li e ouvi minhas conversas com Karleu e Bliss, coloquei o notebook de lado e dei uma festa na minha calça. E não fiquei entediada! Não consegui me fazer rir por dez minutos direto, mas não fiquei entediada e foi divertido.

Ainda fico chateada pensando que meu namorado é melhor em me fazer gozar que eu, mas toda essa nova informação mudou a maneira como abordo a masturbação. Agora vejo meus dedos, mãos, espelhos e minha vagina sob uma nova luz. O orgasmo não é o objetivo, é apenas parte da jornada, como Waratah explicou.

Rumo a um futuro belo e molhado.

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Primeira imagem via usuário do Flickr Miran Rijavec.

Tradução: Marina Schnoor

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