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Música

Resenhas

GLEE (É isso mesmo).

GLEE (É ISSO MESMO)

LIL WAYNE

MELVINS

SPACE COWBOY

O Lucas—guitarra, piano e voz—é um cara gente boa. Foi ele quem trouxe, pessoalmente, os quatro EPs da banda pra gente escutar. Quatro CDs que, aliás, têm umas capas com umas ilustrações iradas feitas pelo irmão dele, o Pedro Wirz, numa espécie de cruzamento entre a arte de cordel e as fofurinhas de

Onde Vivem os Monstros

. O nome da banda também é legal, a impressão dos CDs ficou bem bonita, a embalagem é resistente, os agradecimentos abrangem bem, a ficha técnica tem bons técnicos, o contato inclui um e-mail e o MySpace, o que é ótimo; as cores são vibrantes… E eu já disse que o wallpaper do site deles é bonito?

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EUSÉBIO PIMENTA

LIL WAYNE

Rebirth

Universal

Sou fã do Lil Wayne. Quem não é? Ele é um dos rappers mais inventivos dos últimos dez anos. Mas ele é louco, sem dúvida. Você assistiu aquele documentário? Vixi!

Rebirth

 é seu disco de “rock”, o que basicamente quer dizer que ele resmunga cheio de Auto-Tune, cantando-falando desajeitadamente umas paradas em cima de um disco da Kidz Bop. Ele ficou tão famoso que acha que pode cagar na cabine de gravação e a música vai ganhar disco de platina. Não, Weezy. Honestamente, esse disco é uma das piores coisas que eu já escutei, sem exagero. Se isso é o “renascimento”, espero que ele seja abortado. Hahaha, sacou? Tipo um aborto.

SNICKLEFRITZ MCGEE

MERDA/DFC

O Ludo de Satã

Laja Records

Gente, lançar disco split é tãããão punk, né? Tããão hardcore! Se fosse em vinil colorido então, nossa! O Merda é legal, tem até um som chamado “O Crack É Muito Gostoso!”, e quem fala esse tipo de verdade ganha muitos pontos comigo. É hardcore punk sujão, divertidão. Ah, no encarte vem o jogo que dá nome pro CD, bão tamém. Já o DFC dá um caráter cosplay pra coisa toda: tenta fazer umas piadas parecidas e uns protestos, só que tocando um crossover clichê copiado de alguma fase do R.D.P.—as letras são copiadas também, até o nome é copiado. Coisa de metaleiro. Pena que não dá pra colocar um carinha split, metade rindo, metade vomitando. Será que isso seria bem punk?

REDSON PIERRE VAL

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PANTHA DU PRINCE

Black Noise

Rough Trade

Primeiro eu achei esquisito quando um monte de músicos descolados de Nova York começou a pagar um pau pra dubstep, techno, minimal techno, acid, acid house, etc. e tal. Minha reação foi, hmm, onde vocês estavam nos últimos anos? Mas quer saber? Se uns indies pau mole divulga-rem essas músicas pros seus amigos vai fazer mais gente curtir discos brilhantes como esse novo do Pantha Du Prince, então vamos lá. É techno, é suave. Tá bom, chega de falar disso. Se você está predisposto a gostar desse tipo de coisa já sabe que é um dos discos do ano dentro do gênero.

DA REAL NOO YAWK

EMICIDA

Sua Mina Ouve Meu Rep Tamém

Laboratório Fantasma

O cara fez um EP só falando de mu-lher e só vende a parada nos shows. Sacou a MENSÁGI? Aliás, “Vacilão”, que tá aqui, é um hit foda, daqueles que você ouve em show e fica com o refrão na mente no ato. É doido como ele fala de várias situações com as mulheres sendo rap e sendo fofo. A música que explica isso melhor chama “Quer Saber?”. E é doido como só ouvindo essas cinco músicas dá pra saber que daqui pra frente ele também não vai fazer SÓ isso, insistir em falar SÓ disso porque deu certo—e tipo, virar o ursinho carinhoso do rap.

ATHOS PEÇANHA

DEAR COMPANION

s/t

Sub Pop

Eu queria que existisse um John Belushi grande o suficiente pra vir e esmagar todos os violões no mundo de uma vez só, daí olhasse surpreso para os violões destruídos em suas mãos e pedisse desculpas sem prestar muita atenção.

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OTTER

SIGH

Scenes From Hell

The End

Não confunda essa banda de merda chamada Sigh com aquela outra banda de merda chamada Sigh de um dos criadores de

Irmãos Aventura

. Esse Sigh é muito chato, o que é uma merda porque você quer gostar deles e não dá. O Sigh do qual falamos aqui é uma banda japonesa de metal que usa um monte de tubas, oboés, clarinetes e flautas em cima de um death metal que vai do genérico ao OK. É quase bom, mas acaba parecendo uma versão vagabunda de quando o Dimmu Borgir gravou com a Filarmônica de Praga. Ou tipo quando você tá vendo a banda de death metal de alguém tocar numa garagem e daí tá rolando uma parada na rua e a banda marcial faz tudo ficar esquisito. Eu descreveria isso como death metal de cabaré, recomendado só pra quando você quer tentar impressionar alguém muito idiota.

PROMISE SNORTIN’

JOÃO BRASILE

Black Álbum Brasil

Independente

Já falaram que mashup é um jeito de pegar duas músicas famosas pra fazer uma pior, uma espécie de remix dance de rádio. Mas muita gente também já falou que é muito legal, refresca e tem várias ideias ou só que é divertido e pronto e isso é legal. Julgando só por esse disco… ganha a primeira hipótese. Tudo bem que é um disco online, “não-oficial”, mas o cara tá colocando o nome dele numa parada feita porcamente. Malfeito por malfeito, aqueles funks do YouTube, sabe, que a galera vai lá e faz com vídeos que tão em alta rotação, são muito mais legais e divertidos de verdade. É muito “talento” juntar João Gilberto, Dorival Caymmi, Jay-Z, Emicida e ficar ruim. Parabéns.

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ATHOS PEÇANHA

COMMA

Monkey

Independente

Demorou mas colocamos nas lojas o nosso primeiro CD, Monkey. Deu um trabalho do cão mas ficou bonito. Gravar é tipo uma terapia em grupo entre banda e produtores, com direito a briga de faca e invocação de espíritos. Mas quando Mini Lamers, a Comma-metade, pega o violão e o microfone, faz os corações virarem paçoca e todos ficam de bem. O disco tem músicas que eu pessoalmente amo, mas nunca tocamos, como Runaway. Então aproveite, se você não tiver o CD dificilmente ouvirá ao vivo. E tem as animadas, como Bege, Rulers e Sad Summer (tá, a letra não é tão animada), que você pode acompanhar com palminhas. Resumindo, fizemos esse álbum com tudo o que nos restou dos prêmios das apostas em cavalos, então, adquiram Monkey e nos ajudem a continuar bonitas e bem vestidas. Garantimos momentos de plena felicidade.

DIDI CUNHA

CLIPSE

Til the Casket Drops

Columbia

Eu provavelmente seria um fã eterno do Clipse. Além do fato de tanto Malice quanto Pusha T terem levadas fudidas, eles também rimam sobre vender cocaína e ser fodão, que você sabe que adora mesmo que se sinta culpado ou idiota por gostar disso. Assustar gente mais velha é sempre um ponto positivo, e esse disco é inteiro assim. A música do Kanye é demais e todo mundo sabe que aquela “Popular Demand” é muito foda. Você já viu o clipe com o Cam’ron? Claro, tem umas porcarias no meio, mas tem coisa boa o suficiente para justificar a carinha rindo.

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CASAMIR STORM

A FILIAL

1,99

Independente

O primeiro show do Beastie Boys no Brasil foi cabuloso, mas o som tava uma merda. Eles foram uns escrotos com todo mundo que tentou entrevistar eles também. Nossa, tem uma outra entrevista com eles que eu li em alguma revista brasileira que dá dó também. É pior que umas entrevistas que saem na

Vice

. Mas MUITO pior. Ah, e os caras do Beastie Boys fizeram uma revista há um tempão atrás, chamava… Deixa eu ver no Google… Grand Royal Magazine.

RICARDITO PONIÉ

PUERTO CANDELÁRIA

Vuelta Canela

Merlín Studios

Tudo bem se você bebe Fernet com Coca-Cola, pede Margaritas no happy-hour e fuma cigarrilhas na balada. Tá tranquilo mesmo! Agora, escutar cumbia… Não dá! Simplesmente não dá, porque…

Brincadeira!!! Tá beleza também! Tá tudo beleza! Qual o problema em querer rebolar um pouquinho? Somos latinos! E as músicas desses caras servem exatamente pra isso, pra fazer mexer a cadeira. Mais a dos gringos, é verdade, que vão querer trocar o empreguinho de merda em alguma montadora à beira da falência por um veleiro e câncer de pele no Atlântico—tanto que na primeira faixa (“Vuelta Canela”) o vocalista já começa perguntando se já ouvimos falar “de um país chamado Colômbia” e se já ouvimos “a explosiva música colombiana”. Mas tá valendo! Conheci a “Cumbia Underground” deles num show lá no Parque do Ibirapuera, e foi bem legal. Só que tinha que ficar sentado, então o efeito não foi o de rebolação coletiva esperado. Mas eles funcionam bem ao vivo, com piadinhas e até músicas sem instrumentos—só usando garrafas cheias d’água. Enfim, como quase tudo o que a Colômbia exporta—menos Shakira—vicia, dá pra entender o porquê o CD deles não sai do meu som. E como tudo o que a Colômbia exporta e vicia uma hora te faz mal—inclusive Gabriel Garcia Márquez—, eu já antevejo a hora que precisarei de reabilitação.

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JAVIER GARDEÑALL

Esse é um pedaço sólido do peso do Melvins só em vinil. O lado A começa com uma versão gigante da música- tema de

 O Iluminado

. É assustadora, má, e me faz pensar que demorou pra chamarem eles pra fazerem a trilha sonora de um filme de terror. É estranho porque você reconhece a melodia da música original, mas recebeu um tratamento Melvins, então você fica imaginando os fantasmas gêmeos malvados como bruxas chapadas, com corpse paint e bongs na mão. O lado A termina com um remix da última música do disco mais recente deles, e é uma boa companhia para o clima de

O Iluminado

: sombria pra caralho, com uns vocais meio Buttholes Surfers. Daí vem o lado B, que é uma versão de 9 minutos de “Youth of America”, clássico do Wipers. Maravilha! É grande e majestosa, e quase tão boa quanto a original. Esse disco é um item de colecionador em potencial. Compre! PS: a capa foi feita pelo falecido Steven Parrino. R.I.P.

CONRAD TONY

MIXHELL

s/t

ST2 Records

Não sei o que é remix, o que foi feito pelo casal, nem como chama esse tipo de música eletrônica—mas quem liga para isso? Eu gostei muito do CD. Se minha tia me perguntasse, eu descreveria assim: é um som drogas feito por gente que não usa drogas. Mas, pensando bem, toda música eletrônica é assim, né? Então eu diria que é aqueles dance de puteiro numa versão muito chique. Outra coisa ótima é que já vem tudo mixado, só acho que faltou algo mais pro pessoal cantar junto—tem um remix de Victor e Leo que eu fiz que arrasa no meu set. Ai, hoje tô tão sem paciência, preguiça de discotecar aqui em Floripa, acho que vou usar esse CD pra fazer o Jesus Luz. Tudo bem, né?

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DJ HE-MAN

LIARS

Sisterworld

Mute

Como um gordão que tira a camiseta no instante que a festa começa, a banda que um dia foi o poderoso Liars lançou o disco perfeito para você olhar de relance, meio que dar de ombros, aí dar as costas e continuar a conversar com seus amigos sobre aquela vez em que você rodou com drogas.

LONNY MOCHA

PURITAN

O Firme Fundamento do Desespero Incessante

Independente

Péssimo nome pra uma banda, ótimo pra produtora pornô. Já que estamos falando de nomes, lá vai o título de uma das músicas pra vocês terem uma base: “A Mãe das Meretrizes e Abominações da Terra”. Porra, justo agora que tão pra regulamentar a prostituição no Brasil? É aquela coisa: quer ver misoginia, é só procurar um cristão fervoroso. Ou um careta cheio de razão. Imagina juntar tudo isso com metal? Prefiro a mistura do Brasil com o Egito. Fora que a capa é chupada daquela do Exploited. Se precisasse ilustrar a expressão “tudo er-----rado”, isso aqui era forte concorrente.

RICARDITO POINÉ

BANDO

AFROMA-

CARRÔNICO

M. Takara Psilosamples

Rossano Snel

Desmonta

Três sons remixados pelos caras que dão título ao EP virtual grátis, certo? A do Takara tem uns graves que parecem aquele disco que era raro (eu AMO a Internet) da Orquestra Afro-Brasileira de 1968 e é de uma música chamada “Padê Onã” que não, não tem nada a ver com co-caína e masturbação compulsiva. A do Psilo é praticamente uma rave—no bom sentido. A última é mais o que qualquer um imaginaria de um remix eletrônico da original. Mas pra quem curte tá valendo.

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TICO PINTO

NEVILTON

Pressuposto EP

Independente

A humanidade é surpreendente, esse troço de multiculturalismo tá chegando num ponto nunca dantes imaginado. Agora vocês querem me convencer que a existência do Los Hermanos e do Júpiter Maçã é desculpa suficiente pra indies falarem bem de qualquer coisa com guitarra e tênis? Pode até ser igual ao rock nacional dos anos 80? Na-na-ni-na-não. Preferia quando os indies competiam entre si pra ver quem conhecia mais lançamentos obscuros de artistas amadores de lugares remotos. Ah, ainda fazem isso?

RICARDITO POINÉ

THE GAME

The R.E.D. Album

Interscope

The Game é um cara talentoso. Ele não só fez consistentemente discos de hip-hop, ele também é um membro dos Bloods, então ele matou, tipo, um monte de gente. Era pra ele se aposentar depois de

LAX

, mas pelo visto o dinheiro do seu DVD

 Stop Snitchin’, Stop Lyin’

 não foi o tanto que ele imaginava. Esse disco não é o seu material mais forte, principalmente por causa da falta daquelas batidas foda que seus outros discos têm, mas ele compensa com convidados especiais. Tem até uma música sobre Michael Jackson com participação de Chris Brown, Diddy, Usher e Boyz II Men. Não tô brincando. Por incrível que pareça, isso é bom, porque agora a gente não precisa ficar com medo de ouvir cinco músicas de merda de cada um deles sobre o Michael Jackson.

PILLOW THE DON

GUCCI MANE

The State vs. Radric Davis

Warner Bros.

No campo do rap que nunca deveria ser levado a sério e é divertido quando você tá bebendo cerveja na sua sala de estar gigante, o Gucci tá mandando bem. A cadência que é sua marca registrada, que ele usa em praticamente todas as músicas, ainda não ficou chata. Quem sabe é porque eu só escutei esse disco duas vezes. É bem engraçado e otimista pra um cara que tá na cadeia. Não sei dizer se ser preso ajudou ou atrapalhou a carreira dele, mas pelo menos isso vai garantir que seus filhos rimem melhor. Cara, espero que ele não seja estuprado e pegue AIDS.

CRISTO VON STROM

VARIOUS ARTISTS

Black Man’s Cry: The Inspiration of Fela Kuti