Old but gold. Essa matéria foi publicada em junho de 2015 no Noisey US .
Com certeza isso já rolou contigo. De rolê ali pela rua no carro com amigos, ouvindo o clássico 2001 de Dr. Dre. De repente toca aquele puta hit, “The Next Episode”. Vocês estão ali, curtindo, cantando junto com Snoop Dogg, então Dre, então Nate Dogg. Daí chega aquela hora. Aquela. A calmaria antes da tempestade, aquela longuíssima pausa antes do encerramento icônico da faixa. Você espera pacientemente, mas acaba queimando a largada: “Smoke weed ever—”. Foi cedo demais e você estragou tudo, possivelmente azedou todo o resto do seu dia. Você tenta mais uma vez. Espera e espera e espera. “Smoke wee—” e errou de novo. Se atrasou. Um milissegundo atrasado. Estragou a música de novo. E então tudo se repete, preparando-se para falhar mais uma vez.
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Meu amigo, você não está só.
Desde o lançamento da música, em 1999, fãs pelo mundo tentam encaixar a bendita frase. Durante 16 anos, este foi um dos maiores enigmas da música — um feito que parecia inalcançável para meros mortais.
Até agora, ao menos.
De primeira, Rob Whisman parece um típico rapaz de 26 anos. Mas este autodeclarado “fanático por hip-hop” conseguiu fazer algo que nenhum outro ser humano jamais conseguiu. Em 20 de julho de 2015, pouco antes das 19h, Whisman gravou um vídeo de si mesmo encaixando direitinho “smoke weed every day” no ritmo da música. O vídeo é incrível. Nele, Whisman aparenta focado no impossível, naquele momento de pura perfeição que talvez nunca mais se repita ao longo de nossas vidas.
Batemos um papo como Rob sobre tal feito e como é viver em glória absoluta.
Desde já te agradeço pelo tempo, Rob. Você treinou quanto tempo para conseguir aquele feito?
Diria que durante a maior parte de 15 anos. Comprei uma fita de 2001 pouco após seu lançamento, em 99, apesar de que meus pais logo confiscaram a fita.
Uau. E como se preparar para uma coisa dessas?
Muita meditação. Isso e exercícios de tempo e uma dieta com base em vitamina e ômega-3 — nozes e salmão, respectivamente — para garantir o máximo de destreza cerebral.
Incrível. Você faz parecer tão fácil. Me fale dos obstáculos de sua jornada à grandeza.
Rapaz. Bom, numa tentativa embaraçosa, acertei o tempo e errei a letra. Fora isso, também tive que jogar no lixo um take em que esqueci de colocar uma camisa.
Me fale destes momentos históricos, Rob. O que passava na sua cabeça?
É complicado. Há uma certa calmaria breve nos momentos que antecedem a vitória. Antes disso, sua vida passa diante de seus olhos — suas falhas, relacionamentos que deram errado, a Sra. Hurwit, sua professora de educação cívica que disse que você nunca chegaria a lugar algum. Um minuto inteiro de dúvida esmagadora. Antes disso tudo rola aquele verso do Snoop Dogg
Inspirador, pra dizer o mínimo. Como tem sido sua vida desde então?
Incrível. Tá tudo caindo no colo do pai.
Te reconhecem muito na rua?
Raramente eu saio por aí. Rolou de me reconhecerem ontem enquanto abastecia o carro, um lance tipo “Ah, você é o mano do ‘smoke weed every day’”, bem melhor do que “Você é o corno que me prendeu num banheiro no Bonnaroo”.
O Dr. Dre entrou em contato?
Que nada. Seria massa se rolasse ou se ele me desse uma grana.
Você se considera um herói?
Jamais. Soldados, bombeiros são heróis. Eu, no máximo mereço a Medalha Presidencial da Liberdade ou quem sabe ser nomeado cavaleiro.
Certeza. Que conselhos você daria aos jovens que buscam acertar a frase “smoke weed every day” no ritmo da música?
Prefiro não falar de meu modus operandi, fruto de muito treino, mas digo o seguinte: após o “hey-ey-ey-ey” rolam 3.31 segundos de silêncio, o que deve dar mais ou menos uns três unidunitês. “O silêncio é uma fonte de grande força” certamente é uma citação de Lao Tzu que cai bem nesse caso.
Uma história que merece ser lembrada, Rob. Gostaria de dizer algo mais?
Volta Nate Dogg.
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Tradução: Thiago “Índio” Silva