O ano em que a “festa de aniversário” de Costa deu barraca e o Planeta não acabou num tweet de Trump
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Análise 2017

O ano em que a “festa de aniversário” de Costa deu barraca e o Planeta não acabou num tweet de Trump

Uma perspectiva (alargada) sobre as figuras e os acontecimentos que marcaram 2017 em Portugal e no estrangeiro.

Com a New Year's Eve ao virar da esquina, compilámos uma lista de eventos e personalidades que marcaram 2017. Dividimos os vinte e nove tópicos em duas secções: “A Vida Numa 'Paróquia' Conhecida Pela Maior Parte Do Mundo Por Causa Do Craque Que Tem Um Busto No Aeroporto Da Madeira” e “O Pulsar De Um Planeta Com Problemas E Causas Por Resolver”.

Houve duas personalidades que, pela forma como ocuparam os seus cargos, conseguiram ser ao mesmo tempo “o bom, o mau, e o vilão”. Salvo o exagero da comparação e a importância que cada um tem, António Costa e Donald Trump fizeram as economias dos seus países crescer – com Portugal a deixar o “lixo” para trás - e, em sentido contrário, algumas das suas acções e atitudes (e dos com quem eles trabalham) deixaram muito a desejar.

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Apesar de um “ano saboroso” na economia, as oscilações da “Geringonça”, as suspeitas à volta de membros do Executivo e a crise dos incêndios, confirmam as imensas dores de cabeça do PM. Imagem pelo autor

O governo português esteve envolvido em múltiplas trapalhadas. Este facto leva-nos a questionar se há alguma “alma caridosa” que possa oferecer uns assessores e um porta-voz ao primeiro-ministro (PM), neste Natal. É que é tempo de evitar as inúmeras incongruências e algumas incompetências (não só) na área da comunicação, com diversos episódios em que nem os amigos de Costa o safaram.

Como se sabe, o secretário-geral do PS tem predilecção por se rodear de gente muito próxima para executar o Poder - entre os quais, antigos colegas de universidade. Não admira que este ano a sua “festa de aniversário” (expressão utilizada por João Miguel Tavares, no Governo Sombra) desse barraca. E nem vale a pena entrarmos pela indecorosa saga das diversas “ramificações familiares” dentro do próprio governo… De entre as “convidadas especiais”, a então ministra de Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, foi uma das que falhou redondamente por duas vezes. Pedrogão Grande e os incêndios de 15 de Outubro foram maus demais para ser verdade. As mais de 100 mortes são um dado horripilante.

O caso das armas de Tancos (e as tolas afirmações do ministro da Defesa e do presidente da Assembleia da República); a mudança repentina do Infarmed para o Porto (alguém tomou Kompensan a mais, só pode…); o prometer de mundos e fundos aos professores, com as outras corporações à espreita; a traição ao Bloco por causa da taxa das renováveis; e até o não assunto sobre o jantar da Web Summit, no Panteão; servem de exemplos da inépcia de António Costa e dos seus comandados.

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Mais. O fresquíssimo escândalo Raríssimas parece não estar completamente sarado, apesar das respostas do ministro Vieira da Silva na passada segunda, na audição parlamentar (em consequência deste caso, o secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, apresentou a demissão e é a 14ª baixa nesta Legislatura). Nos fogos e no roubo do armamento - que teve ainda o caricato desenvolvimento de ter sido devolvido com uma caixa de petardos a mais -, valeu o arregaçar das mangas da indiscutível personalidade do ano nacional. O senhor que mora em Belém.

Donald Trump. Desde que foi eleito, foram raros os períodos em que os seus tweets não vieram à baila. Imagem pelo autor

O presidente norte-americano - ou a nódoa made in USA, se preferires - bastou-se a si próprio para deixar o Mundo em polvorosa através do Twitter. Quanto aos seus assessores, foi um ver se te avias. O antigo porta-voz, Sean Spicer, foi copiosamente gozado no Saturday Night Live e até houve a troca de um director de comunicação com menos de quinze dias no lugar (também com um nome de Scaramucci…). Numa opinião na CNN, diz-se que Donald Trump gostou sempre de ser o centro de tudo e, por isso, vive no seu próprio reality show em que todos são figurantes e ele o protagonista indomável. E isso viu-se semana sim, semana sim.

Seja ou não para desviar a atenção de algumas decisões e embrulhadas pessoais - ou relacionadas com o staff e família (com destaque para a suposta promiscuidade com os russos nos últimos meses de Obama, a descida brutal dos impostos dos mais ricos, ou o aval dado a um senador acusado de ser predador sexual) -, o “dono” da Casa Branca não se coibiu de saltitar de polémica em polémica. A saída do Acordo de Paris e o estar-se a “borrifar” para as alterações climáticas, o “aconchego” dado a organizações racistas, ou a decisão de levar a embaixada norte-americana para Jerusalém (e o reconhecimento desta cidade como capital de Israel), revelam que ele adora desafiar o politicamente correcto e ser irritante para os media mainstream.

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É, por isso, escassa a surpresa quando lemos que os fiéis apoiantes - muitos da chamada “América profunda” - continuam a ver Trump como um campeão de virtudes. Há uma total identificação com a linguagem jocosa, o estilo agressivo e a tendência para insultar os que o criticam. Há um feeling de que ele é “um dos nossos” (redneck, anyone?) e isso é o que mais pesa na balança.

Felizmente, há um facto no seu primeiro ano como presidente que merece o Hallelujah do grande Leonard Cohen. O Planeta ainda está de pé e não terminou com um tweet a anunciar o uso de ogivas nucleares. Bem, se um dia a palavra destituição estiver em cima da mesa, receamos que esta "carta" contra a Coreia do Norte de Kim Jon-un, seja uma forte hipótese a ser lançada. O desespero pode chegar a esse ponto.

De resto, houve outros tópicos que coloriram (ou “acizentaram”) estes 365 dias, que estão prestes a fechar para balanço e para as habituais festividades. Se quiseres, podes utilizar a lista para animar uma ceia natalícia que esteja a ser demasiado “decorada” por silêncios incomodativos. Do que está aqui incluído, gostamos muito de alguns, ficamos tristes por outros e abominamos várias alíneas que mexeram com o nosso sistema nervoso. Uma revisão a 2017.

A Vida Numa “Paróquia” Conhecida Pela Maior Parte Do Mundo Por Causa Do Craque Que Tem Um Busto No Aeroporto Da Madeira

E tu, já tiraste uma selfie com o presidente que também é surfista? Imagem pelo autor

1. Ainda bem que esta nação é para “babysitters”

Com afectos para tudo e todos, Marcelo Rebelo de Sousa mostra o que é ser estadista nos dias difíceis. Após os incêndios do 15 de Outubro, o discurso em que dá uma valente reprimenda ao Executivo e a consequente acção solidária realizada nas terras afectadas, ficam na história do Portugal democrático como um exemplo do que deve ser o político ao serviço da comunidade. O professor não deve ser a “ama” exclusivamente para as boas novas dadas pela equipa de Costa.

2. Clube Alegadamente (e o Onze Galáctico da nossa praça)

Ricardo Salgado, Zeinal Bava, Ricardo Granadeiro, Armando Vara, José Sócrates, Pais do Amaral, Manuel Pinho, António Mexia, Miguel Macedo, Proença de Carvalho e Fernando Rocha Andrade. Os nomes aqui citados, estão mencionados, implicados ou são arguidos na Operação Marquês, no caso EDP, no caso Vistos Gold, na Operação Fizz, ou nas viagens da GALP. Pois, tirem-nos deste filme…

3. O animal político que se revelou um ignorante em coisas que deviam ser básicas para quem esteve à frente do País

O Ministério Público acusou José Sócrates com 31 crimes na Operação Marquês. Segundo as notícias veiculadas na imprensa, entre as supostas novidades que se lê no processo, é inquietante saber que o antigo primeiro-ministro mal diferenciava o IVA do IRS, quando se devia utilizar “demais” e “de mais” numa frase, ou desconhecia que a MEO era parte integrante da PT. Se um dia voltar à escola, por favor levem-lhe um Magalhães…

4. Nem o bruxo lhes apagou os mails a tempo

Entre os benfiquistas, reina a dúvida se Pedro Guerra é uma mais valia, um estorvo, ou um peão desmascarado. Imagem pelo autor

Há um cheiro nauseabundo no caso da correspondência electrónica do Benfica e das suspeitas de tráfico de influências para condicionar os árbitros, durante os campeonatos do tetra. A investigação do Ministério Público e da Polícia Judiciária está a decorrer e Paulo Gonçalves, assessor jurídico do clube da Luz, é o primeiro arguido conhecido.

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Mais do que nunca, a disputa “fratricida” entre os três maiores clubes - com destaque para o papel dos directores de Comunicação – está nos píncaros. O pior é que todos têm culpa neste “foguetório” permanente e, ao mesmo tempo, queixas razoáveis por infrações cometidas pelos rivais.

Através de quem tutela o desporto e da própria Federação de Futebol, o Estado parece o puto do recreio com medo de enfrentar os “bad boys”. Quando o atropelamento fatal de um adepto às mãos de outro - que posteriormente foi acusado de homicídio qualificado -, não mereceu em devido tempo um “murro na mesa” (mas teve uma carta de alerta super tardia), então algo vai pessimamente mal. No fundo, é o futebol português a detestar-se a si próprio e, pelos vistos, o vídeo-árbitro é uma solução demasiadamente “poucachinha”.

Dentro do campo, vivas à auspiciosa primeira participação da Selecção Feminina de Futebol num Europeu e à ginga das jogadoras Ana Capeta (Sporting) e Andreia Norton (Braga). Do lado deles, Ederson – agora no Manchester City – foi o melhor atleta na Liga NOS 2016/2017. Para tua informação, além do guarda-redes, eis os outros players que completam o nosso melhor onze neste corrente ano: Nélson Semedo, Marcano, Mathieu, Alex Telles; Fejsa, Bruno Fernandes, Gélson, Brahimi; Jonas e Aboubakar.

5. Se recebemos assim “tanto”, porque raio pagamos muitos serviços (como a factura da luz) como se fossemos europeus de primeira?

O Governo acaba de estabelecer o salário mínimo em 580 euros. Se perguntarem a indivíduos como o Nuno Carvalho, sócio-gerente da Padaria Portuguesa, provavelmente mais do que conversas sobre dinheiro, o importante é encontrar novas formas de aumentar o “espírito de equipa” (!?). Está encontrado o “Gustavo Santos” da gestão. O que vale (!?) é que a partir de Janeiro a factura da luz desce alguns cêntimos. É com cada uma…

6. Ninguém disse que seria fácil, porra!

Visto como uma tarefa hercúlea, o primeiro ano de António Guterres como secretário-geral das Nações Unidas tem sido ainda mais complicado com Donald “America First” Trump. Naturalmente, os cortes financeiros acabaram por acontecer.


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Por falar em cargos prestigiantes, ainda estamos a matutar no que significa a eleição de Mário Centeno como presidente do Eurogrupo. Mais um fantoche nas mãos de powerful countries, a começar pela Alemanha? É que, depois de Durão Barroso ter sido o moço de recados entre a Europa e os EUA do Bush filho, tudo caminha para que Centeno seja o novo ventríloquo ao serviço de quem dá as ordens. Como afirma o conselheiro de Estado, Lobo Xavier, ele será “ um presidente de porra nenhuma”. Claramente.

7. O Fabuloso Destino De Um Beijo Lésbico

Acreditamos que o kiss foi mais intenso do que os vários dados entre as duas actrizes na série “Gipsy”. Imagem pelo autor

Duas alunas beijam-se na Escola Secundária em Vagos e são chamadas pela direcção do estabelecimento. Mais do que a polémica à volta do inquérito em si, é de saudar o Portugal progressivo que vai existindo de Norte a Sul.

8. Sigam-nos, Please

O reputado The Guardian elogia as medidas que Portugal tem tomado na luta contra as drogas e acrescenta que as mesmas deviam ser replicadas noutros lugares [Nota do Editor: como aliás a VICE News tinha feito mais de um ano antes]. É um grande incentivo ao que se faz cá, mas não significa que tenhas que celebrar com um charro, ou com uma linha de coca – achamos que deves parar imediatamente de enrolar o filtro ou a nota de 20 euros… [NE: ou não, sabemos lá nós, a vida é vossa!].

9. Justiça idiota e mentecapta

O juiz Neto de Moura atenua a pena de dois agressores (homens) por causa do adultério da vítima (mulher), num acórdão escrito no século XXI, como se estivesse no século XIX. Se calhar, a toga só lhe cabe na “cabeça de baixo”.

10. É por ele que a maior parte dos outros falam de nós

CR7. Com a sua ambição, deve ser “cansativo” ganhar sempre as mesmas coisas.

Podemos preferir as maravilhas de Messi, mas é impossível não concordar que Cristiano Ronaldo é o melhor jogador português de sempre (e um dos maiores da história do futebol). O ano foi novamente repleto de troféus individuais e colectivos - com destaque para a vitória na Champions - sem esquecer a quebra de mais recordes. Ter um português cinco vezes galardoado como número 1, seria há vinte anos inimaginável. Vá, esquece lá a estória dos bustos

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11. Negras são as esquadras e as entradas em alguns estabelecimentos @night

Os alegados actos de violência e racismo na esquadra da Cova da Moura, a par da selvajaria dos seguranças do Urban Beach e de uma discoteca em Cinfães, demonstram que afinal há quem só tenha testosterona e malvadez no cérebro.

12. O fim-de-semana foi todo dele

Apesar da visita do Papa e da festa dos “seis milhões” do Benfica, foi a vitória de salvador Sobral na Eurovisão (com o auxílio precioso da sua irmã Luísa) que marcou um determinado weekend de Maio. Without surprise, em 2017, Salvador foi a figura mais procurada pelos portugueses na Google. E nem um “certo peido” lhe retirou todo o mérito…

13. Filosofia degradada

O antigo ministro da Cultura, Manuel Maria Carilho, foi condenado por violência doméstica contra a ex-mulher (e apresentadora da SIC) Bárbara Guimarães, mas há dias foi ilibado noutro processo. Fica uma pergunta: tenha ou não cometido abusos (ele ou outros acusados do mesmo calibre), quando é que estes tipos de crimes deixam de ser configurados com pena suspensa e passam a ser realmente condenados com prisões efectivas?

14. Valem o que valem, mas é sempre bom recebê-los

Portugal recebeu seis prémios na cerimónia dos World Travel Awards atribuídos no Vietname. Além do país ter sido considerado o “Melhor Destino Mundial” (o primeiro europeu a alcançá-lo), destaque para os galardões dados a Lisboa, vencedora nos “City Breaks”, e à ilha da Madeira, que atingiu o topo no capítulo “Insular”. A propaganda turística a nosso favor ganha ainda contornos de maior visibilidade com Madonna a residir junto ao Rio Tejo – não literalmente.

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15. Temos Sol radioso e belas paisagens, mas é difícil que, por cada pedra que levantemos, não encontremos algo feio e nada recomendável. E os “nórdicos” somos nós?

Nos últimos dias tem vindo à baila a já referida associação Raríssimas, em que há a suspeita do uso de verbas do Estado para fins pessoais por parte da presidente, Paula Brito e Costa. Se lhe juntarmos o processo que envolve elementos da Força Aérea; a Câmara Municipal de Lisboa a gastar um milhão de euros/ano a pagar os salários das secretárias e dos assessores; a União Europeia a concluir que houve “graves irregularidades” na empresa Tecnoforma (onde Passos Coelho foi administrador), sendo que em Portugal o mesmo caso foi arquivado; as supostas cunhas em instituições públicas, que o líder Parlamentar do PS, Carlos César, alegadamente utiliza em proveito da família (como acontece com a sobrinha Inês); o jogo de sombras e esquemas no futebol (ver tópico 4); o Estado que é lesado em 300 milhões com burlas ao Serviço Nacional de Saúde; a decisão de ter a Santa Casa, que devia somente pensar nos desfavorecidos, a participar financeiramente no Montepio; ou todo o rebuliço do tópico “Clube Alegadamente” (escalado na posição nº2); somos confrontados com um País fantasmagórico, com manias de grandeza, abençoado pelo “normal” nepotismo e uma sede insaciável em encher os bolsos. Da maneira que isto anda, esquece o norte da Europa. Com sorte, concorremos na mesma liga onde anda a endémica corrupção brasileira.

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Por fim, um conselho para a transparência ser efectiva em todas as instituições (público ou privadas) que recebam nem que seja 1 euro do Estado - ou via Bruxelas. As contas (despesas, lucros, etc.) deviam ser obrigatoriamente escarrapachadas no formato online, pelo menos, trimestralmente. O escrutínio dos fundos - e como eles são gastos - é do interesse de todos. Se não é possível, que se mude a legislação. E porque não uma secretaria de Estado para todo o tipo de fiscalização neste País? Há certamente alguma secretaria que se dispensaria…

16. Em modo telegráfico (e aleatório), mais umas “cenas” a recordar do 2017 em território nacional

As três televisões generalistas a transmitirem em conjunto um concerto de música e dois jogos da Selecção, com os fundos a reverterem para as vítimas dos incêndios; O alvoroço “nada de novo” criado pelos distúrbios de estudantes em Torremolinos; O legado indiscutível de três personalidades que nos deixaram no espaço de poucos dias. Belmiro Azevedo (empresário), Zé Pedro (músico) e Pedro Rolo Duarte (jornalista); A “cotovelite” da intellitgensia nacional em relação à Web Summit. Às tantas, muitos gostariam de ter sido convidados para discursar no Pavilhão Atlântico (Ó que pena, foram “substituídos” pela Sara Sampaio…); Ritual a não perder. De segunda à sexta, depois das 22h30, podes ver os conteúdos da VICELAND no canal Odisseia; Pêpe Rapazote, em Narcos/temporada 3, e Albano Jerónimo, em Vikings/T5, são mais dois actores portugueses a participar em séries de relevo; Sem o acordo da Comissão dos Trabalhadores, a administração da Autoeuropa decide avançar com a obrigatoriedade de horários de trabalho ao sábado. A discussão promete continuar

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…e ainda…

O quentíssimo desentendimento entre a classe taxista e a Uber, com o tribunal da Relação a entender que a multinacional é ilegal. Contudo, parece que os taxistas processaram a Uber errada (Oops!); Com a “geringonça” em perda – Catarina Martins com frases a “bater” nos socialistas e um PCP aziado por ter deixado fugir câmaras municipais históricas -, cheira a Bloco Central quando vemos Santana Lopes e Rui Rio a lutar pela chefia do PSD (mesmo que os dois “cotas” dos Marretas pareçam ter um ar mais apelativo); A seca severa em Portugal que teve momentos demasiadamente prolongados e que levou o Executivo a pedir à população para racionar a água; Aprovação do projecto lei do BE e PAN em que é permitida a entrada de cães e outros animais de companhia nos restaurantes; Finalmente, há um ministro a pedir desculpa – o da Saúde às vítimas de legionella; André Ventura usa a bandeira anti-ciganos para obter votos, em Loures, e procura chamar a atenção nas autárquicas; Após uma reportagem da TVI, é noticiado que, há mais de duas décadas, o lar de crianças Mão Amiga serviria para adopções ilegais por bispos e pastores da Igreja Universal do Reino de Deus; A apresentadora da TVI, Cristina Ferreira, compara a sua vagina a um peru. Pára de imaginar. O Papai Noel está prestes a chegar.

O Pulsar De Um Planeta Com Problemas e Causas Por Resolver (Ou a vida para além da facebocracia de Mark Zuckerberg, rapaz que um dia pode concorrer à Casa Branca…)

17. Infinita tristeza no século XXI

As notícias relacionadas com os milhões de crianças a viver em extrema pobreza, a crise de fome no Iémen, a fuga dos muçulmanos rohingyas de Myanmar, a problemática dos refugiados na Austrália, e o tráfico de seres humanos na Líbia, mostram que a Humanidade precisa de férias (e porque estás por aqui, “checka” a sensibilidade do vídeo acima).

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18. Mudam-se os tempos, permanecem as vontades?

O novo presidente angolano, João Lourenço, “desmantela”, entre outros, o poder que estava nas mãos dos filhos do anterior líder, José Eduardo dos Santos. É só uma operação de cosmética (apesar das dezenas de exonerações), ou significa que está a pensar em todos e não só em benefício de alguns? O continente africano também conheceu outra transição sem sobressaltos, ou seja, a saída de Mugabe como líder do Zimbabué ao fim de 37 anos. Sem banho de sangue, nem convulsões nas ruas. Bonito.

19. Europa abalroada e os doidos varridos que andam por aí

Não faltaram incidentes no Velho Continente (e também em Nova Iorque) em que um veículo passou, propositadamente, em cima dos peões para matar aleatoriamente o maior número de transeuntes. Os atentados também assombraram de outras formas, sendo as 22 mortes à porta do concerto de Ariana Grande, em Manchester, Reino Unido, um dos episódios lamentavelmente mais relevantes.

Noutros pontos do globo, houve mais doidos varridos. Na América do Sul, temos Nicolás Maduro que levou a Venezuela a um ambiente de caos e carências de toda a ordem – para piorar, quer perpetuar-se no poder com marosca. Nas Filipinas, Rodrigo Duterte e a sua cruzada anti-drogas já levou quatro mil pessoas a falecerem às mãos da polícia e, há pouco tempo, disse que mataria o próprio filho se as acusações de tráfico que pendem contra o mesmo se confirmassem. Entretanto, o infindável número de tiroteios mortais na América continua. Uma das “favas top gun” aconteceu num festival de música country, em Las Vegas, com mais de 50 mortos e quase 600 feridos. Malucos sem riso, sentimentos e cérebro…

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20. Um “coito interrompido” que se deseja satisfatório para ambas as partes

A primeira-ministra inglesa, Theresa May, tem a árdua função de defender os interesses do Reino Unido. Imagem pelo autor

Depois dos avanços e recuos no acordo à volta do Brexit, o divórcio entra na fase decisiva com detalhes fundamentais por resolver, como o direito dos cidadãos e a quantia que os britânicos devem pagar. A ruptura oficial está marcada para 29 de Março.

21. Deixem-nos mamar à fartazana

A utilização de paraísos fiscais (como os Paradise Papers) por parte de muitos ricos e milionários para fugir ao fisco, só adensa a ideia de que um por cento da população mundial detém metade da riqueza do Planeta. Na semana passada, lia-se no jornal Público que ”Isabel dos Santos levantou 238 milhões horas antes de a conta ser congelada”. Destino: offshore nas Ilhas Virgens britânicas. Tudo “limpinho” por aqui?

22. Então, em que é que ficamos?

Carles Puigdemont. Depois da afronta ao Estado espanhol, pode ser ultrapassado pelos Ciudadanos e a Esquerda Republicana nas eleições de 21 de Dezembro. Imagem pelo autor

O diferendo entre Madrid e a Catalunha por causa da independência da segunda, esteve muito animado. No fim de contas, a solução poderá ser mudar (qualquer coisa) para ficar (quase tudo) na mesma.

23. Metediça e orgulhosamente dopada

A Guerra Fria ficou lá atrás, mas vão havendo elementos que nos dizem o contrário - e não é por causa da interessante série The Americans. Foram muitas as news sobre as alegadas interferências dos russos nas eleições norte-americanas e francesas, sendo também credível a ideia de que Putin viu com bom olhos o doping dos atletas do seu país, nos Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi, em 2014. A viver em lugar secreto nos EUA, o químico Grigory Rodchenkov revela através das suas anotações como é que ajudou os desportistas a vencer muitas das medalhas conquistadas. Como consequência, a Rússia é banida dos JOI do ano que vem, na Coreia do Sul.

24. Reaparecimento do nazismo? Todo o cuidado é pouco…

A subida da extrema-direita na Alemanha, ao ser a terceira força partidária nas eleições legislativas e com 90 representantes no parlamento, fez regressar os fantasmas da suástica de Hitler. Para marcar uma posição e demarcar-se do resultado das urnas, o departamento de marketing do Borussia Dortmund fez um vídeo promocional bastante inspirado – ver vídeo acima.

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Do outro lado da fronteira, a nova coligação no governo austríaco (com um primeiro-ministro de apenas 31 anos) inclui um partido fundado por ex-nazis. É de ter medo, muito medo? É esperar para ver quais as atitudes da Áustria quando assumir a presidência do Conselho da União Europeia, entre Julho e Dezembro de 2018.


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25. Eu sou novato, tenho muito estilo, significo a mudança, mas…

Emmanuel Macron foi eleito presidente em França e deixou para trás os candidatos apoiados por PS e Partido Republicano. Depois de um início galvanizador, há quem o considere apenas um embuste ao serviço dos “ricalhaços”. Com a eleição, as revistas cor-de-rosa aproveitaram para andar “em cima” da sua vida amorosa.

Aliás, quando o seu homólogo norte-americano o visitou em Paris, por momentos, parecia que as esposas estavam trocadas. Melanie Trump tem menos 24 anos que o seu marido, e Brigitte Macron mais 25 do que o presidente francês. Aproveitando a onda pink, parece que as mentalidades estão a mudar no palácio de Buckingham com o casamento entre o Príncipe Harry e a actriz divorciada e afro-americana, Meghan Markle. Isso, ou é a rebeldia do filho mais novo de Diana a falar mais alto.

26. Mentes doentes, depravadas e com pilinhas descontroladas Versus #MeToo

Kevin Spacey. Com as acusações que lhe foram feitas, espera uma longa travessia no deserto. O personagem Frankie Underwood, do House of Cards, foi o primeiro a ir ao ar. Imagem pelo autor

Harvey Weinstein, Kevin Spacey, Louis C.K., Bill Cosby, entre outras figuras públicas, foram expostos por relatos das suas vítimas de assédio e abuso sexual. A questão impõe-se. Com os escândalos a avolumarem-se em redor de estrelas do entretenimento, até que ponto devemos separar a obra do artista da sua vida pessoal? Enquanto ficas a pensar na resposta, fica a saber que Trump foi novamente visado, na semana passada, por mulheres que dizem ter sido alvo de sexual harrassment. Já antes, a lista das que lhe apontam o dedo é enorme.

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Visto de outro espectro, é de louvar que a revista Time Magazine eleja o movimento #MeToo como “Personalidade do Ano”. Por mais que haja vozes a reclamar que as estrelas de Hollywood e outras “estrelas” deviam ter agido na altura dos acontecimentos, quebrar o silêncio jamais será fácil numa sociedade patriarcal e que tende a proteger os poderosos.

27. Uma corrupção é estratosfera, a outra soa a miserável

O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed Bin Salman, ordena a detenção de mais de 200 pessoas (entre os quais membros da realeza e militares), que alegadamente estão envolvidos em fraudes no valor de 86 mil milhões de euros. Um acto para mostrar que não há ninguém impune, ou para impedir a ascensão de algum dos seus opositores?

No Brasil, o caso Lava Jato e as desculpas de alguns dos implicados chega ao ponto do ex-presidente, Lula da Silva, culpar a falecida mulher pelo interesse em adquirir um triplex supostamente pago pela empreiteira OAS. “Que malandragem!”.

28. Um betinho do car@#!€

Então, pensaste que uma das afirmações do ano seria omitida? O holandês Jeroen Dijsselbloem (presidente do Eurogrupo), realça que os do Sul gastam o dinheiro em “mulheres e copos” e merece a mobilização do país luso, com críticas dos cibernautas, da classe política, dos jornalistas e dos opinion makers em geral.

Pela generalização feita, houve mesmo quem achasse que Dijsselbloem era um betinho do… Por nós, bastava sublinhar que os portugueses (e os outros países em questão) estariam bem melhor se houvesse menos corrupção entre os políticos e menos conivência do povo para com esses prevaricadores. Quando se vota em partidos que já foram (ou são!?) bastante nocivos para a sociedade, o sistema é irreversível. A expressão “dar oportunidade a outros” é uma palhaçada e pouquíssimo considerada. No caso português, ao termos a consciência que o 25 de Abril não foi assinado pelo povo, pouco mais há a acrescentar.

Talvez, a verdadeira revolução ainda não tenha acontecido e as mentalidades, que se dizem modernas, estão disfarçadas em meritocracia afundadas num oceano de “tachos”, em gadgets como o iPod, nos carros de alta cilindrada - de abrir a boca de espanto a qualquer sueco - , ou nos video games para animar a malta. Quem dá o que tem, a mais não é obrigado, certo?

29. Wall Sports Street

Na aventura por terras gaulesas, o jogador brasileiro ainda não venceu competições, mas já revela tiques de “prima-donna”. Imagem pelo autor

A transferência de Neymar para o Paris Saint Germain custou ao clube francês a “módica” quantia de 222 milhões de euros. Ainda na mesma modalidade e na vertente “raro e verdadeiro amor à camisola”, foi bela a despedida/homenagem que Totti recebeu em Roma.

Dos golos que vimos, assinalamos a excelência da jogada em contra-ataque que deu o tento “karate kid” de Giroud (Arsenal) – ver vídeo abaixo. Neste ano civil, eis o onze futebolístico em alta: Ederson; Daniel Alves, Bonucci, Varane, Marcelo; Modric, Coutinho, Kevin Bruyne; Messi, Mbappé, Ronaldo. No ténis e em regime “forever young”, aos 36 anos, o actual número dois do ranking ATP, Roger Federer, impressiona com as suas exibições e vitórias. Já começamos a ter saudades no dia em que deixar de competir.

E mais um farewell. Ao deixar as pistas de Atletismo, o recordista dos 100 e 200 metros, Usain Bolt, lesionou-se na prova dos 400x100 metros, nos Mundiais, em Londres. Que a velocidade do resto da sua vida seja feita sem sobressaltos.


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