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A dificuldade de Dark Souls III depende de você

Várias pessoas morrerão em breve. Semana que vem, Dark Souls III invadirá as lojas. Tanto fãs calejados quanto marujos de primeira viagem enfrentarão o grau sanguinolento de dificuldade do carro-chefe da produtora From Software.

Dark Souls III não deixa a desejar. Tem os controles estritos de sempre, uma atmosfera bonita e a mesma curva brutal de dificuldade que faz da série de jogos tão especial.

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A distribuidora Bandai Namco adora se gabar da dificuldade da série. O bundle de relançamento do Dark Souls de 2011, disponível para download, vem com o subtítulo “The Prepare to Die Edition” [Versão Prepare-se Para Morrer]. Um anúncio impresso mostra cavaleiros medievais numa fila para morrer nas chamas de um dragão. Outro vem apenas com as palavras “You Died” [Você Morreu] em vermelho sobre fundo preto.

Os fãs de Dark Souls adoram brincar com essa mesma dificuldade. A combinação de propagandas intimidantes e jogadores passionais às vezes afasta principiantes, mas todo mundo deveria dar uma chance à série. É única, imersiva e linda. Dark Souls III é um ótimo ponto de partida, e não é tão difícil quanto a distribuidora e a base de jogadores fazem crer.

Acontece que as propagandas da Bandai Namco ignoram um detalhe: a dificuldade da série Souls, e de Dark Souls III em particular, está à mercê do jogador. O autor da série, Hidetaka Miyazaki, já combate há muito tempo as acusações de que seus jogos são difíceis demais. Ele sempre comenta que os jogos são árduos, mas justos, e dá duro para criar jogos acessíveis para uma variedade de estilos e habilidades.

E ele está certo.

A From Software fez um excelente trabalho com Dark Souls III, e parte importante do design do jogo é a escala de dificuldade que compõe a mecânica do jogo. Não me refiro a ferramentas crassas, como uma barrinha de dificuldade na tela. A From Software é boa demais para isso.

A seguir, soltarei alguns pequenos spoilers de Dark Souls III. Se você está curiososo para jogar a série mas está com receio de mergulhar de cabeça porque acha muito difícil, o restante deste artigo é para você. Se você é um veterano que pretende jogar às cegas, prometo que não soltarei nenhum grande spolier, porem, se é um purista que pretende jogar totalmente às cegas, talvez seja melhor fechar a aba agora.

Uma pilha de jogadores mortos que não seguiram meu conselho. Créditos: Captura de tela de Dark Souls III

Primeiro, precisamos falar sobre morte. Todo jogador vai morrer em Dark Souls III várias vezes. Mas morrer em Dark Souls III não é como morrer em outros jogos. Cada morte é uma lição, não um castigo.

Claro, os jogadores perdem almas — a moeda utilizada para passar de fase e comprar itens —, mas sempre aprendem algo. A maioria das minhas mortes em Dark Souls III ocorreu quando encontrei um inimigo novo ou explorei uma região nova. De novo: mortes são lições, não castigo. Internalize isso e será meio caminho andado para se tornar um mestre em Dark Souls III.

Desde o começo, Dark Souls III permite que os jogadores configurem a dificuldade do jogo. Como a maioria dos RPGs, neste game os jogadores escolhem uma classe de personagens, e a classe determina a capacidade dos jogadores de percorrer o jogo.

Novatos que buscam desafios, mas não querem se sentir frustrados devem jogar com o Cavaleiro [The Knight]. Essa classe é basicamente a dificuldade “normal” da configuração de Dark Souls III. Começa com uma armadura boa, uma arma decente e habilidades que mantêm o jogador vivo e os danos administráveis.

Se o jogo ainda estiver difícil demais, procure escudos melhores, armaduras e alabardas mais pesadas. O longo alcance das alabardas e a proteção do escudo permitem que novos jogadores surrem os inimigos sem mover um fio de cabelo. À medida que você passa de fase, foque em aprimorar vigor, força e destreza.

Jogadores em busca de uma mamata maior devem trabalhar com magia. O Feiticeiro [The Sorcerer] é o modo “easy” de Dark Souls III. As magias consomem energia e foco. A energia recarrega sozinha, mas o foco só é reabastecido com poções e fogueiras — os espaços seguros do jogo. Os jogadores que não se importarem com o baixo grau de administração de recursos, no caso, certamente vão devastar o mundo de Dark Souls III.

Primeiro, precisamos falar sobre morte

Com o Feiticeiro, consigo chegar ao primeiro chefão de Dark Souls III e matá-lo em três minutos, mesmo. A maioria dos monstros do jogo ataca em bando, e personagens que podem dar um passo para trás e atirar dardos mágicos ganham bastante vantagem. As turbas costumam percorrer rotas pré-determinadas e geralmente dão meia volta depois de perseguir jogadores por longas distâncias. Um feiticeiro paciente consegue tomar as rédeas de qualquer conflito e infernizar os inimigos.

Problemas com um chefão? Use os atributos multiplayer do jogo para buscar ajuda para derrotá-lo. Convoque mais de um jogador. Lutar contra um chefão fica bem mais fácil em turma. Por outro lado, optar pelo modo cooperativo também deixa o jogador vulnerável a invasões de jogadores PVP agressivos.

Contudo, em Dark Souls III, os jogadores conseguem minimizar esse risco ao se juntar à coalizão Way of Blue Covenant. As coalizões funcionam como clãs. Os personagens encontram diversas alianças ao longo da jornada em Dark Souls III, e cada uma delas oferece vantagens particulares.

A primeira que qualquer jogador encontra é a Way of Blue. Quando um invasor PVP ataca um personagem aliado à Way of Blue, sentinelas não-manipuláveis também entram no jogo para combater o agressor. É uma camada extra de segurança em um mundo perigoso, e reduz a pena do jogo cooperativo.

Essa escala também funciona no “hard”. O jogador que está em busca de um desafio maior pode escolher a classe do Mercenário [Mercenary] ou Ladrão [Thief]. Ambas oferecem armaduras leves e focam em ataques traiçoeiros em turba. São bem divertidas, mas foram criadas para jogadores mais avançados e jogadores advindos de Bloodborne, um game mais agressivo.

Quem quiser tentar o desafio máximo de Dark Souls III deve selecionar o Desprivilegiado [Deprived]. Essa classe começa no nível 1 (o Cavaleiro começa no 9, e o Feiticeiro, no 6), não usa armadura, e entra no mundo com o taco e o escudo mais fracos do jogo.

Tenho mais uma dica para aliviar o fardo de Dark Souls III. Prometo que vai fazer sentido na hora que você precisar. Bem no comecinho do jogo, depois de hastear a flâmula e antes de passar pelo portão com os cachorros, não se esqueça de olhar para trás. Há um personagem não-manipulável na extremidade de uma ponte em rúinas, facinho de passar despercebido. Torne-se amigo dele, que ele fará um serviço para você que deixará a jornada por Lothric muito mais tolerável.

A genialidade de Dark Souls III está no design. A From Software criou um jogo em que a descrição dos itens conta uma história e toda estratégia é viável. Cabe ao jogador escolher o próprio caminho e a própria dificuldade.

Tradução: Stephanie Fernandes

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