Drake se tornar um streamer de ‘Fortnite’ é o futuro do hip hop

Matéria originalmente publicada no Noisey Canadá.

Por volta dessa época no ano passado, um videogame de batalha real online chamado PlayerUnknown’s Battlegrounds tomou conta do mundo inteiro. O jogo, que gira em torno de ser a última pessoa de 100 a sobreviver a um tiroteio tenso em uma arena cada vez menor, quebrou recordes para os jogadores mais concorridos na plataforma de jogos para PC Steam e foi premiado com vários títulos de “Jogo do Ano” no final de 2017. Em setembro do ano passado, outro jogo de atirador de múltiplos jogadores em primeira pessoa chamado Fortnite adicionou um modo de batalha real num movimento hilário inventado para competir com o sucesso monolítico de PUBG. Porque o mundo funciona de maneiras esquisitas, porque o Fortnite é grátis, e porque o estilo colorido e meio de desenho animado do Fortnite é mais fácil de olhar do que aquela estética de Counter Strike do PUBG, o jogo mais novo está a ponto de substituir o PUBG como a maior coisa do universo, se ainda não for, com sua base de 40 milhões de jogadores. Talvez o golpe final tenha sido uma das maiores personalidades do mundo, Drake, chegar para mostrar que ele mesmo curte o jogo.

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Depois de alguns dias provocando (e adiando) sua aparição, Drake jogou partidas contra o ultra-popular streamer do Twitch Tyler “Ninja” Blevins no dia 14 de março, com Travis Scott lá pra adicionar ao status da stream. O rosto de Drake não chegou a aparecer na janelinha de transmissão e ele não falou muito, mas foi incrivelmente surreal ouvir sua voz desencarnada e familiar emergindo do chat nos momentos em que ele o fez. O time dele ganhou, principalmente porque Ninja é muito bom no jogo. Graças à massa gigantesca de fãs do Ninja e do Drake, o stream se tornou o mais visto de todos os tempos.

É uma força enorme ao Fortnite, que pode consolar seu novo status como o novo videogame preferido do rap. Só alguns outros — NBA 2K, Grand Theft Auto e Call of Duty (talvez Gears of War, também) — também podem reivindicar tal prestígio no mundo do rap. Como de costume, a habilidade do Drake para encontrar o pulso da cultura da internet tem seu papel, e se tornar amigo de um dos maiores nomes do streaming é o tipo cross-branding em que ele é incrivelmente bom. Mais importante, porém, é que os rappers estão abraçando o Twitch, que era um território apenas de streamers e, portanto, desconectado de qualquer coisa considerada “legal”. Mas com figuras mais jovens como Lil Yachty no Fortnite semi-regularmente, a diferença entre os mundos diminuiu consideravelmente.

https://youtu.be/XXAVUtmeHps

Isso não é só com jogos, também. O DJ Akademiks já fez entrevistas ao vivo com nomes da nova escola como XXXTentacion (que já fez um streaming de si mesmo jogando Fortnite) e 6ix9ine no Twitch, onde o constante chat de espectadores criava uma folga anárquica desconhecida em praticamente qualquer outro tipo de entrevista musical. As personalidades populares do Twitch ganham muita grana, assim como YouTubers, de modo que os rappers aproveitam o streaming pra não apenas encher o bolso um pouco mais, mas também conectarem-se a uma base de fãs de jogos que tradicionalmente não está associada à música “séria”. Se Fortnite continuará a ser a plataforma principal ou se logo veremos Lil Uzi Vert dominando como D.Va em Overwatch ainda é um mistério, mas assim como as armadilhas e os prédios do antigo jogo, o futuro do rap está sendo construído na janela Twitch.

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