Longe dos principais cartões postais da cidade do Rio de Janeiro, o cenário onde habita o jacaré-de-papo-amarelo, entre outras espécies, como capivaras, é de degradação total. A zona oeste da cidade concentra um número grande de lagoas e canais que estão completamente degradados. Jacarepaguá, Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes estão neste contexto. Para piorar, muitos animais já foram atropelados em vias importantes, como a Avenida das Américas.
Não bastasse toda a poluição e sujeira do sistema lagunar, os jacarés vêm sofrendo com maus-tratos e caça ilegal. O espaço tem sido reduzido por conta do crescimento urbano, muitas vezes de forma desordenada. Esses locais estão assoreados, quando lixos e detritos acumulam no leito dos rios.
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O esgoto é lançado na área diariamente, além de todo tipo de lixo, inclusive eletrônico. Falta fiscalização, saneamento básico e educação ambiental. Assuntos que vêm sendo denunciados há tempos pelo biólogo Mario Moscatelli em sua página no Facebook.
Os governantes mudam e a situação vai se agravando. Em dezembro do ano passado, funcionários do Parque Municipal Marapendi, no Recreio dos Bandeirantes, fizeram um trabalho de educação ambiental em uma comunidade do bairro pedindo aos moradores que não alimentassem os jacarés.

Duas pequenas placas com o pedido para que eles não sejam alimentados foram colocadas, mas com a grande movimentação de pessoas que passam a caminho da praia os animais ficam mais expostos a maus-tratos. É um trabalho que deve ser contínuo. Muita gente passa por ali para tirar fotos e acaba jogando algum alimento.
Os jacarés costumam se concentrar em lugares de maior movimentação de pessoas, já que elas jogam doces, biscoitos, pães, peixes, carnes etc. Mas há também aqueles que se divertem jogando pedras e garrafas. A concentração desses jacarés os tornam mais territorialistas, e a briga acontece o tempo todo. Já foram flagrados animais sem membros.

Para o biólogo Ricardo Freitas, do Instituto do Jacaré, as causas podem ser diversas. “Mas o maior problema é que falta uma ação de manejo e fiscalização. É uma forte causa ou um forte alicerce para que isso ocorra. Eles estão brigando por espaço”, disse.
A VICE entrou em contato com a subsecretaria do meio ambiente, que responde em nome da prefeitura do Rio de Janeiro. O órgão faz o monitoramento dessa espécie, juntamente com a Patrulha Ambiental.
“A Patrulha Ambiental orienta a população a acionar o [canal de atendimento] 1746, ao flagrar animais silvestres em área urbana na cidade do Rio ou em qualquer situação de risco fora do seu habitat, para um resgate seguro”, completam.
Além disso, a subsecretaria afirma que ao resgatar os jacarés, caso estejam feridos ou debilitados são encaminhados para tratamento veterinário. “No caso, os animais recolhidos sem ferimentos são reinseridos em seus habitat natural mais próximo do local do resgate.”








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