As batidas dramáticas e o baixo pesado do trap não parecem ser muito íntimos das músicas que invadem as pistas de dança, mas a vida é cheia de surpresas e se o David Gest e a Liza Minelli formaram uma bela parceria (por pouco tempo), por que o trap não pode andar de mãos dadas com o house, as carícias de amor não podem ser embaladas pelo techno e não podemos fazer conchinha ouvindo drum and bass britânico?
O produtor de Los Angeles RL Grime passou os últimos anos tentando achar o espacinho perfeito entre eles. Seus ensaios são repletos de bass extramemente pesado e versões de artistas como Benny Benassi, Chief Keef e, err… Jamie Lidell.
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Batemos um papo de exatamente sete minutos com RL Grime que estava do lado de fora de um hotel chiquetoso em Londres, antes do produtor ser levado para um show na Laundry, em Hackney. Foi o suficiente para falarmos sobre sua vida como um astro do trap enquanto ele se deliciava com seus cigarros Camel.
THUMP: Você passou o dia inteiro no estúdio, né?
RL Grime: É, cheguei em Londres ontem e trabalhei o dia inteiro hoje. Não fazia ideia de quão longe era daqui. Fica a 15 minutos de distância daqui se você pegar um Uber, perto de uma ponte. É um estúdio muito legal.
E no que você estava trabalhando?
Umas paradas aleatórias. Algumas batidas de rap, umas coisas para um EP novo. Estou lentamente e de forma definitiva o preparando para ainda este ano, e dando uma olhada em algumas colaborações também.
Com quem?
Vamos manter isso em segredo.

Você curte fazer parcerias?
Eu definitivamente amo fazer música sozinho, mas recentemente curti muito chamar uns amigos e sacar qual é a vibe e a pegada deles. Exatamente agora muitas colaborações que você ouve online ou onde quer que esteja são conduzidas por email e eu não curto muito isso. Soa como um remix glorificado. Realmente curto fazer tudo tête a tête.
Quem é a pessoa mais divertida pra trocar ideia no estúdio?
Amo trabalhar com o Chris do What So Not. O Salva também é incrível.
Acontece de você simplesmente não ‘bater’ com a pessoa?
O tempo todo. Nunca é constrangedor porque eu só vou para o estúdio com alguém que considero meu amigo então se não dá certo, não tá ‘batendo’, é um sentimento mútuo de, “foda-se, a gente se reúne de novo em outro momento.”

Quanto a busca por novos artistas, pessoas para trabalhar junto, você simplesmente fuça o SoundCloud que nem todo mundo?
É a única forma de fazer isso. Não tem nenhum segredo cabalístico. Falo com amigos que são DJs e eles me recomendam umas coisas que uso junto com plataformas como o SoundCloud. É mais difícil achar música quando você está pra lá e pra cá. Ainda amo descobrir coisas novas.
Você já se acostumou a rodar o mundo?
Totalmente. Tem sido assim há quase três anos e sempre que estou em casa hoje em dia me sinto ansioso. Preciso fazer música e shows. Fica cansativo depois de um tempo, claro, mas você se acostuma com o tempo. Você dorme e faz música quando sobra um tempo. Eu nunca nego fazer um show, mas às vezes você acorda e não quer entrar num avião de jeito nenhum. Mas você entra.
Qual é o pior aeroporto para passar tempo?
A alfândega do aeroporto de Heathrow, em Londres, é o pior lugar do mundo. O resto do aeroporto é legal. Estive no [aeroporto] de Atenas recentemente e era simplesmente patético. Horrível.
Quais os planos para o futuro?
Não tenho um plano, na verdade. Tentar ser feliz e ter minha própria versão do sucesso. Para mim isso é poder viajar pelo mundo fazendo a música de que gosto.

O que você mais curte fazer além de música?
Comecei a gostar muito de cozinhar. O Gordon Ramsay e o Jamie Oliver são meus chefs da TV favoritos. Cozinho duas ou três vezes refeições por dia quando estou em casa e tento não comer fora. Curto comer. Curto entretenimento. Recentemente fiz uma costelinha refogada com polenta de parmesão pros meus pais. Leva umas cinco ou seis horas para fazer e foi o meu melhor prato até hoje.
O que você não gosta de comer?
Não gosto de azeitonas, nem de cogumelos. Estou tentando expandir meus gostos e talvez goste dessas coisas em breve.
Qual é a pegada do Ramsay? A severidade?
Eu não sabia nada de culinária e então o vi na TV e assisti seus vídeos no YouTube e tal. Gosto de como ele é dedicado. Me faz querer ser dedicado também.
Você se vê trocando o estúdio por uma cozinha cinco estrelas?
Acho que gostaria de achar um jeito de balancear os dois. Olha o Action Bronson. Ele consegue fazer um show e depois ir gravar um episódio do Munchies. Isso é um sonho.
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Tradução: Stefania Cannone
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