Aplicativos de paquera são um lixo. Digo isso como alguém que saiu com todo mundo que valia a pena no Tinder, depois deletei todos os aplicativos de encontro que já baixei um dia.
E, segundo uma pesquisa da agência de tendências Fullscreen, não sou a única. Sessenta e um por cento das pessoas de 18 a 34 anos preferem ficar solteiras a depender de aplicativos de encontro. Enquanto isso, ex-usuários de aplicativos do tipo citam danos a autoestima e solidão como razões para abandonar essas plataformas. Em vez disso, 76% dessas pessoas preferiam conhecer alguém organicamente, inspirado nos tropos de filmes românticos onde dois personagens se conhecem por acaso.
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Mas para uma geração que só conhece relacionamentos facilitados pela internet – de declarações de amor adolescentes no MSN a DMs no Instagram – encontrar a pessoa certa sem a facilidade de passar por um bufê de novos parceiros em potencial pode ser assustador.
Falei com millennials solteiros que recentemente deletaram seus aplicativos sobre todas as coisas que vêm de conhecer pessoas offline. Principalmente medo, eventos de solteiros e rejeição cara a cara.

ELIZA, 26 anos
Usei todos os aplicativos – Hinge, Bumble, Tinder, pode falar qualquer um e eu usei. Deletei todos porque achava que a grama do vizinho era sempre mais verde.
Então, um mês atrás, pela primeira vez – e por enquanto a única – quando vi um cara de que gostei num bar, fui falar com ele. Conversamos por meia hora e criei coragem para pedir o telefone dele. Ele disse “Acho melhor eu pegar seu e-mail e a gente trocar sugestões de trabalho por ali”.
Apesar de não ter dado certo, desde que ouvi uma história de uma garota da minha universidade que conheceu um cara de um jeito muito interessante, quero minha própria história legal de conhecer alguém na vida real. Eles se conheceram num clube de Brighton chamado “Cat Face Night”, onde você tem que desenhar uma cara de gato no seu próprio rosto para entrar. Ela chegou nele fingindo ser um gato e começou a miar. Eles acabaram namorando por oito meses!
Quero muito conhecer alguém na vida real – tipo, nós dois tentando pegar o último bolo de banana num café, como num conto de fadas. Mas em vez disso, fico muito nervosa de ser apresentada para amigos de amigos e não posso conhecer alguém no trabalho, já que tenho a mesma idade que os filhos da maioria dos meus colegas.
Acho aplicativos de encontro chatos, e nunca tive muita sorte neles também. Mesmo quando as pessoas dizem “Vamos ver onde vai dar”, muitas vezes quer dizer que elas só querem sexo. Nunca conheci ninguém com “sinal verde” em aplicativos, então as coisas nunca deram em nada. Quando se trata de conhecer alguém cara a cara, acho que há mais chances da pessoa ser clara sobre o que está procurando.

ALICIA, 24 anos
Só baixei o Tinder duas vezes, e tive que deletar logo depois. Acho que não posso usar aplicativos de paquera. A ideia de conhecer pessoas online não me parece autêntica. Quero conhecer caras novos, mas fico desconfortável em dates e aplicativos não me ajudam a ficar menos ansiosa.
Dito isso, não costumo abordar pessoas na vida real – é muito difícil pra mim. Então minha vida romântica é basicamente inexistente agora! Dependendo de quanto bebo, até posso considerar abordar um cara na vida real, num bar ou algo assim.
JAMES, 27 anos
Aplicativos de encontro são chatos demais. Já usei o Grindr pra transar algumas vezes e isso rendeu alguns encontros, mas dá muito trabalho e leva muito tempo usar o Tinder. É muito mais excitante conhecer alguém cara a cara. Se bebo ou uso drogas, não tenho medo de abordar alguém. Quer dizer, nunca fiz isso sóbrio, mas sei que consigo.
Conhecer alguém na vida real elimina a incerteza de se você gostou da pessoa mesmo ou se vocês têm química quando realmente se encontram. Tem menos chances das pessoas te enganarem na vida real, ou elas gostam de você ou não. Você tem mais chances de conseguir um sim direto, ou pode dizer que é um “não” só pela vibe.
Quanto a rejeição, acho que ainda machuca se esse é o resultado de mandar mensagem pra alguém ou se acontece cara a cara. Você pode deletar a mensagem, mas não dá pra deletar a vergonha.

LILLA, 22 anos
Deletei meus aplicativos de encontro porque fiquei entediada tentando puxar conversas com os caras pelo Tinder. Eu estava falando com um amigo hétero recentemente que disse que uma mulher parou de responder no Hinge no meio de uma conversa. Ele me mostrou a conversa e vi que ele estava enchendo o saco dela por causa do sabor de pizza que ela gostava. Tentei explicar que não foi legal, mas ele não entendeu.
Descobri que é assim que a maioria dos homens nesses aplicativos tentam abrir um diálogo. O papo deles é péssimo, eles fazem uma pergunta e depois dizem que sua resposta é errada antes de te convidar pra tomar uns drinques. É muito estranho!
Então, comecei a sair com amigos de amigos que conheço na balada. Foram só dois, e não sei realmente se quero tentar alguma coisa mais séria com nenhum deles, mas a conversa tem sido mais gratificante – bem melhor que ter um debate sobre sabor de pizza no Hinge!
HELEN, 24 anos
Apesar de não frequentá-los exclusivamente, já participei de um evento de solteiros. Também deletei meus aplicativos, mas posso dizer com certeza que as duas rotas estão cheias de decepção. Chamei alguém pra sair pelas DMs do Twitter uma vez e fui rejeitada, então também não recomendo.
Tenho minhas reservas em chamar mulheres para sair cara a cara, sempre me sinto estranha quando faço isso. Mas recentemente conheci um cara, de um jeito bem orgânico na verdade, num festival de música.
Mas ainda parece que a internet ou as redes sociais podem estragar mesmo encontros na vida real. Ele me deu o número dele e pareceu muito entusiasmado pra trocar mensagens. Então, depois do festival, mandei mensagem pra ele e ele simplesmente deixou como “lido”. Então não sei dizer se encontros online ou offline são um melhor que o outro.
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