Este artigo foi originalmente publicado na Motherboard – Tech by VICE.
Na última semana, cientistas gravaram um raro vídeo de uma fugidia e pouco vista lula gigante, que deleitou a comunidade científica e os espectadores. Os investigadores da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) filmaram a enorme lula no dia 19 de Junho, graças à tecnologia da câmara Medusa, que o molusco marinho confundiu com comida.
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A realização desta gravação é pouco comum, porque as lulas gigantes vivem a muitos metros de profundidade, onde chega pouca luz. Os cientistas continuam sem saber muito sobre as espécies que habitam nas profundezas do mar. A maioria dos veículos de controlo remoto (ROVs) que os cientistas enviam para esses abismos escuros estão equipados com luzes brancas fortíssimas que nos ajudam a ver melhor as suas descobertas, mas, por outro lado, os animais de águas profundas não estão habituados a essa luminosidade e, geralmente, escondem-se destas grandes e ruidosas máquinas.
A Medusa, no entanto, foi projectada de forma diferente, imitando a bioluminescência das medusas que vivem no fundo dos oceano.s O sistema de câmaras utiliza uma baixa luminosidade e emite uma luz infravermelha que não ofusca as criaturas adaptadas à escuridão, por isso, graças a esse design, a Medusa conseguiu captar um dos poucos vídeos alguma vez gravados de uma lula gigante e o primeiro em águas americanas.
“A criatura da nossa imaginação não vive em águas cristalinas, mas sim entre as ferramentas mais poderosas da nossa infra-estrutura energética”, escreveram os cientistas Sönke Johnsen e Edith Widder num post no seu blog, referindo-se às plataformas de petróleo das águas no fundo do Golfo do México. Os investigadores ficaram eufóricos com a imagem da lula e quiseram apressar-se a identificá-la com exactidão. Como não tinham acesso à Internet, recorreram aos livros, esperando pela última palavra dos seus colegas que estavam em Terra. Depois de 30 minutos dessas primeiras imagens, o barco em que seguiam foi atingido por um relâmpago.
Os investigadores, sozinhos em mar aberto, tentaram rapidamente verificar se todos estavam bem e se o computador funcionava correctamente. A perda destas imagens raras poderia ter sido devastadora, de acordo com o post no blog, mas, felizmente, o computador que continha a gravação tinha sobrevivido. Pouco depois, o especialista neste tipo de criaturas marinhas, Michael Vecchione, que trabalha para o Serviço Nacional de Pesca Marinha no Smithsonian, disse ter praticamente a certeza de que o animal nas imagens era uma lula gigante.
O vídeo foi captado no âmbito de uma missão alargada, que tem como objectivo explorar as profundezas obscuras do Golfo do México. A lula foi encontrada a 160 quilómetros da costa de Nova Orleães. “O que, no passado eram considerados monstros temíveis, são agora criaturas curiosas e magníficas, uma delícia para o olho humano”, escreveram Johnsen e Widder. E acrescentaram: “Gostamos de sentir que a ciência e a investigação foram responsáveis por essa mudança, tornando o mundo num lugar menos assustador e mais surpreendente com cada novo conhecimento”.
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