Música

A Hy Brazil chega ao fim na sua 10º edição compilando 150 sons em três anos

Idealizada em 2010 com o intuito de mapear e divulgar o que há de novo na produção de música eletrônica e experimental no Brasil, a série de coletâneas Hy Brazil chega à sua décima edição. À época do lançamento do volume 1, a cena fervilhada de ideias boas nesse campo, porém sem muito eco pelo fato de que estava tudo jogado individualmente em plataformas como Soundcloud e Bandcamp. Faltavam selos para aglutinar e promover tais expressões, atribuindo um aspecto de cenário mesmo pro negócio. Foi aí que Chico Dub, curador da coletânea, entrou na jogada pra fazer acontecer. “Sentia falta de uma organização, de um recorte, de algo que colocasse todo mundo junto dentro da mesma proposta”, explica ele.

O décimo volume é também o último da série. O conceito permanece o mesmo, o que muda é o formato: ao invés das 14 faixas habituais, dessa vez o apanhado chega com 24, de modo a fechar o ciclo com 150 lançamentos planejados desde 2013. “Outra coisa que muda”, continua Chico, “é que sempre alternei entre compilações de música de pista com outras mais experimentais. Então esse volume dá uma unificada nas propostas.” Entre os sons pinçados para o arremate do projeto, destaca-se “Mistura Fina”, do DJ Sydney. “É bem diferente das coisas que ele faz e muito diferente, também, das outras produções de funk novo”, observa. Bella, com “Escaravelho”, é outra que chega pesado, cada vez mais um nome para se prestar atenção.

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Além da Bella, a coletânea traz alguns artistas que podemos entender como grandes apostas para este ano na praia da música de vanguarda. Como Luisa Puterman, que entrou com a faixa “Cólera”. Segundo Chico Dub, consta em suas músicas “ideias para um futuro próximo”. Há mais promessas. São elas o FELAPPI (“E Você”) e 100freio (“Wothi”, feat Desire Marea), projeto do Apolinário, o nosso colunista do Bailewave. A respeito desse último, o curador torce para que “não desapareça em meio aos trocentos projetos que ele faz ao mesmo tempo.” Apesar do esforço na promoção desse cenário, ele acredita que ainda tem chão pela frente para que os artistas já revelados pela série acabem virando. “Não me vejo tendo esse poder. A Hy pode até funcionar como uma vitrine para quem está começando e tal, mas é apenas uma parte, uma ínfima etapa, de um longo processo”, diz.

A proposta da Hy Brazil acaba sendo refletida na seleção que o Chico fez para a segunda edição da Ocupação Pulso, no Red Bull Station, em São Paulo. Dos nomes elencados, somente o Daniel Nunes não participou da Hy Brazil. A pedido da Red Bull, a lista deveria se concentrar mais em artistas fora do eixo Rio-São Paulo, a fim de diferenciar-se do evento do ano passado. Foi a deixa para que ele apostasse no Abdala, de Goiânia, no Arthur III (Haley Guimarães), da Paraíba, e no Daniel, de Belo Horizonte. “Acabei não conseguindo fugir de São Paulo, pois boa parte da minha pesquisa – concentrada no experimentalismo e na vanguarda – acaba que está mesmo na Grande São Paulo. Então eu trouxe para o time o Thingamajicks e a Paula Rebellato (do projeto solo Acavernus e da banda Rakta)”, detalha.

Em maior ou menor grau, todos eles bebem na fonte do misticismo, do transe e da psicodelia. Outro fator que une os produtores desta edição, frisa Chico Dub, é que todos eles contribuem para o fomento da cena, amplificando suas ações para além da criação musical: “Abdala, Arthur III e Thingamajicks têm selo [respectivamente Propósito, T U N T S T U M e Subsubtronics], e o Daniel tem festival, o Pequenas Sessões.” É a própria galera se articulando para não deixar miar o que começou lá atrás com a primeira coleta da Hy Brazil.

A Hy Brazil e o Chico Dub estão no Bandcamp e no Twitter

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