Na semana passada, enquanto a histeria do Sandy atingia Nova Iorque e toda a gente andava demasiado ocupada a tornar as suas vidas à prova de furacão, eu não parava de receber SMSs com o mesmo conselho: “não te esqueças de comprar pilhas”. A minha reacção a isso foi de perplexidade. Em que ano é que julgas que estamos e que raio de aparelho é que tens que ainda precise de pilhas? Sabes que o iPhone não funciona a pilhas, certo? Havia algo que me estava a escapar.
Só tenho um equipamento que trabalha a pilhas, que é, claro, o meu vibrador (estou a considerar seriamente comprar um segundo: um daqueles cães robôs para fazer companhia e dar mortais). Quando me dizem para comprar pilhas, o conselho é mais útil do que parece à primeira vista. Foi bastante hilariante ouvir isso do meu ex-namorado, mas demasiado assustador quando a minha mãe me disse o mesmo. Toda a gente comentava que eu não sabia quanto tempo é que estaria fechada em casa, sem internet e sem luz, e que era importante certificar-me de que teria pilhas para usar o meu dildo gigante.
Faltava pouco mais do que uma hora para a tempestade chegar quando decidi que não iria perder mais nenhum segundo precioso e foi aí saquei do meu menino. Queria tocar-me antes do fim do mundo, apesar de ter passado a última manhã antes do furação chegar a foder um gajo como se a pila dele fosse a última que alguma vez teria no meio das minhas pernas. Talvez estivesse atraída pelas minhas próprias feromonas, ou algo do género (malditas feromonas, pá).
A cena aqui é: eu nem sempre fui uma dessas mulheres que têm cacetes coloridos na gaveta de cima da mesinha de cabeceira. Passei 26 dos últimos 27 anos da minha vida sem me masturbar. A sério, devia ter algum estigma mental que me impedia de auto-acariciar-me. Não sei quando ou por que é que isso mudou. Mas, se tivesse de adivinhar, diria que o meu relógio biológico fez soar um alarme primitivo e os meus instintos sexuais vieram à tona. De repente, e independentemente das vezes em que fazia sexo, não conseguia deixar de estar excitada. E até andava a ter boas fodas, fodas essas que os meus amigos apelidavam de “pervertidas”. Mas percebi que queria mais.
Talvez tenha parado de ser uma puritana de merda. Talvez tenha percebido que o sexo é uma necessidade que toda a gente tem, tal como comer ou ir à casa de banho, coisas que prezo acima de todas as outras. O sexo é um instinto e, desde que não forces a cena e que te mantenhas livre de doenças, estás à vontade para o fazer com quem, onde e quantas vezes quiseres. Especialmente, quando estás sozinha, na privacidade do teu lar, doce lar.
Aqui fica uma nota maravilhosa sobre a masturbação: podes masturbar-te sempre que quiseres. E podes fazê-lo mesmo bem. Não tens de te preocupar com apanhar herpes. Não tens de te preocupar com seres (ou não) rejeitada. Não tens de te preocupar em partilhar a tua cama com um otário qualquer que ressona. Não tens de te preocupar em ter sexo de merda, ou (pior!) ter sentimentos.
Só tens de te preocupar em ter pilhas.
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