Música

O Murilo Sá quer uma Sociedade Alternativa em seu novo disco, ‘Durango!’


Foto: Jack Rubens/Divulgação.

Um soteropolitano amante de rock das antiga e radicado em São Paulo toca sua guitarra pra se desconectar da dura realidade da megalópole e criticar a sociedade de consumo. Se a década de setenta não tivesse acontecido há dez mil anos atrás poderíamos estar falando de um cara chamado Raul Seixas, mas como somos millenials habitando um novo aeon, eu só posso estar me referindo a Murilo Sá e seu novo disco Durango!, lançado com exclusividade no Noisey nesta sexta (2).

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E não é exatamente um problema para Murilo ser comparado com seu ídolo. “Sou raulseixista, admiro muito o que ele era como pessoa, além de seu trabalho. Conheço tudo. Toda aquela baianidade com certeza está em mim também.”

O disco novo tem temáticas muito variadas, mas com uma questão-chave em comum: como fugir do desconforto das grandes metrópoles sem cair em seu conformismo? “Tem uma faixa chamada ‘Modo Automático’ em que exponho algumas coisas que me incomodam na metrópole paulistana, como especulação imobiliária, a busca sem limites por ascensão financeira ou social, a poluição, as ruas e avenidas que levam nome de militares escrotos do passado, a alienação e o poder das igrejas sob o povo, e também os movimentos politicamente ignorantes vindos de setores mais abastados da sociedade”, discorre Murilo.

Mas Durango! também fala sobre pessoalidade e introspecção, como é o caso da faixa “De Volta à Rua Solidão”, feita logo após a morte do amigo Danniel Costa, baixista da banda Bombay Groovy, em 2015, vítima de arritmia cardíaca. “A música tem essa influência digamos georgeharrisoniana e o uso de cítara justamente por conta dele [Danniel] ser um cara muito ligado à música indiana… é uma homenagem, inclusive o Rodrigo Bourganos, que era seu parceiro na banda, toca sitar nessa faixa”. A letra remete a um passeio de volta à Salvador, visitando antigos lugares e resgatando memórias afetivas e tem um clima nostálgico, tanto na harmonia quanto na melodia.

E o tempo passa, mas algumas coisas não mudam. Murilo diz que, mesmo se esforçando para fugir do lugar comum, suas principais influências continuam sendo o rock tradicional. “É cara, essa coisa meio de DNA, sua escola sabe. É difícil fugir tanto das suas influências mais básicas embora até exista um esforço maior pra isso nesse álbum, com a incorporação de alguns elementos novos como os scratches de DJ (é um amigo, o Elias Ficavontade), sintetizadores com timbres dos anos 80 e coisas assim. Acho que gradualmente nos próximos discos devo me aventurar por algumas praias menos orgânicas, mas Durango! é tipo um passeiozinho por esse universo abrangente que chamamos de rock. Não é um álbum muito compromissado com unidade sabe?”. Pois é, cada geração tem o Raul Seixas que merece. Ouça Durango! abaixo:

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