Nesta terça (29), o SoundCloud lançou seu muito aguardado serviço de assinaturas. Por US$ 9.99 dólares [cerca de R$ 36] mensais, o SoundCloud Go funciona basicamente como a assinatura de um Spotify da vida: disponibiliza a sincronização de faixas e playlists off-line, remoção de anúncios no meio do conteúdo que você está ouvindo e dá acesso a um catálogo expandido que inclui música cujos direitos estão na mão de grandes gravadoras, assim como de sons de labels independentes.
“Do ponto de vista do consumidor, é o que há de melhor em assinatura de serviços de música”, disse Alexander Ljung, co-fundador e CEO do SoundCloud. “O que esperamos se traduza em muitas assinaturas — o que é ótimo para a renda total [arrecadada], que por sua vez chega aos artistas”.
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O lançamento do SoundCloud Go é a derradeira tentativa da empresa alemã de monetizar o conteúdo de sua plataforma de música. Por mais que anúncios banquem o site desde 2014, até então ainda não havia sido oferecida uma modalidade paga do SoundCloud para ouvintes.
Ao passo em que o SoundCloud Go está sendo oferecido como um upgrade premium, o serviço com base em anúncios continuará do jeito que está para quem desejar continuar usando o site gratuitamente. O SoundCloud também oferece um período de 30 dias gratuitos para usuários que assinam o serviço. A versão paga está sendo disponibilizada nos EUA — o lançamento do SoundCloud Go tem lançamento previsto em outros países para o decorrer de 2017.
Os assinantes do SoundCloud Go também terão acesso a novos conteúdos, cortesia dos acordos que a empresa fez ao longo dos anos com três grandes gravadoras – Sony, Universal e Warner – bem como com a empresa de direito digital Merlin, representante de mais de 20 mil gravadoras independentes.
Estes acordos significam que agora o SoundCloud pode incluir conteúdo das majores na plataforma. Porém, os detentores dos direitos (artistas, agentes ou selos) ainda precisam concordar em ter seu conteúdo distribuído ali; algo que Taylor Swift, Adele e Gwen Stefani se recusaram a fazer com seus discos na plataforma rival, o Spotify.
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Logo, usuários do serviço pago poderão ouvir, digamos, o novo disco de Eric Prydz ali mesmo, bem como todo o conteúdo gerado pelos usuários do SoundCloud. Atualmente o SoundCloud oferece mais de 125 milhões de faixas, número que continuará a crescer significativamente após a adição de material advindo dos acordos com as grandes gravadoras. As bibliotecas do Spotify e Apple Musicjá estão na casa dos 30 milhões de faixas.
Os acordos com as gravadoras devem resolver o conflito contínuo de licenciamento na plataforma, que já resultou em usuários tendo suas faixas ou material removidos do site. A comunidade de música eletrônica, que depende de samples e remixagens, tem sofrido em especial com estas regulamentações do SoundCloud.
“Os arranjos que estamos fazendo com a indústria são importantes para que chegemos em um ponto com menos remoções [de músicas] e mais liberdade criativa para as pessoas”, disse Ljung.
A ameaça das remoções, porém, não deve desaparecer por completo. O SoundCloud terá meios para levar renda de remixes de usuários e sampleamento de conteúdos para o detentor dos direitos autorais, o que, em teoria, deve diminuir remoções automáticas. Ainda assim, os usuários precisam de permissão dos detentores para alterar seu material, e fica no ar a dúvida de qual será o efeito de ter grandes gravadoras ali quanto à pressão para remoção de conteúdo.
Ainda assim, Ljung está confiante de que as coisas estão no rumo certo, já que a introdução de um serviço pago apresenta um fluxo de renda em potencial para o artista responsável pela versão original de algo remixado. “Remixagens e conteúdo derivativo são essenciais para a cultura [musical], mas a indústria ainda não reconhece isso”, declarou. “Mas agora, de repente, parece se tratar de um grande e inédito fluxo de renda”.
Em fevereiro deste ano, os relatórios financeiros mais recentes do SoundCloud foram divulgados, revelando que a empresa teve prejuízos de US$ 44 milhões de dólares em 2014. O prejuízo teria levado à especulação de que a firma estaria passando por problemas, pois seus auditores afirmaram nos documentos que a empresa lidava com “dificuldades financeiras”. Os auditores comentaram ainda que seria necessário atrair mais investimentos, montar um serviço de assinatura bem-sucedido e negociar licenciamento com gravadoras. Um checklist de três pontos que a empresa parece ter completado nos dois anos após o balanço.
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Ljung disse ainda que a empresa fez muito desde 2014, enfatizando que tais relatórios não refletem as finanças atuais da firma. Ele também disse que a estratégia do SoundCloud em operar com perdas foi uma decisão intencional. “Ao construir uma empresa de alto crescimento do nosso porte, não é incomum ter investimentos altos, desenvolvimento do serviço e então focar na monetização”, disse.
A opção de assinatura do SoundCloud surge no momento em que a guerra do streaming virou uma corrida armamentista, com Spotify e Apple Music dando passos largos. O Spotify anunciou ter chegado à marca dos 30 milhões de assinaturas. A Apple alega também ter conseguido reunir 10 milhões de assinantes em seus primeiros seis meses no mercado.
Ljung não comentou as especificidades sobre quanto dos 175 milhões de ouvintes mensais únicos do SoundCloud se converteriam em assinantes, limitando-se a dizer que a indústria de streaming representa uma oportunidade de crescimento para a empresa.
“Menos de 10% da música ouvida no mundo vem de streaming, então há muito espaço para crescimento na indústria”, disse Ljung. “Há uma quantidade gigantesca de assinaturas que poderiam vir a existir no futuro e a oportunidade é realmente significativa”. Vamos acompanhar.
Tradução: Thiago “Índio” Silva
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