No último domingo (3), conservadores que apoiam o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) organizaram atos nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro em repúdio à ação recebida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que irá julgar o parlamentar pelos crimes de incitação ao estupro e injúria. Defensor do coronel Carlos Brilhante Ustra, torturador durante a época da ditadura, Bolsonaro também responde pelo crime de quebra de decoro no Conselho de Ética da Câmara depois de proferir que não estupraria a deputada Maria do Rosário (PT-RS) porque ela não merecia.
Na Avenida Paulista, em São Paulo, a temperatura ensolarada do fim de semana subiu alguns graus Celsius com a presença de uma manifestação antifascista que acontecia no mesmo local em que os direitistas protestavam. Obviamente, coisa boa não ia dar. Eduardo Bolsonaro, filho do deputado, estava presente, para o delírio dos conservadores. Procurada pela VICE, a Polícia Militar não informou o número de presentes. Mas, utilizando o chutômetro, supomos que havia cerca 200 apoiadores do Bolsonaro e cerca de 60 pessoas no ato antifascista.
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Xingamentos eram arremessados de ambos os lados. Os antifas, predominantemente jovens e estudantes, pareciam preferir “fascistas” e “Bolsonaro na cadeia”. Já a direita, adepta de camisas da seleção e bandeiras do Brasil, respondia com “lixo”, “ameba” e “parasita”. No meio do bololô, ciclistas que circulavam pela faixa exclusiva se opunham aos defensores do deputado, que, apesar do discurso de ódio, costuma ser carinhosamente alcunhado por quem nutre certo apreço por sua pessoa de “mito”.
Os impropérios proferidos dos dois lados deixavam o clima ainda mais tenso. Quando a Polícia Militar precisava intervir para separar um eventual engalfinhação mais acolarada entre os presentes, seu efetivo ia pra cima dos antifascistas.
Por volta das 17h, quando a coisa parecia caminhar para um domingo sossegado em frente a tela da TV preenchida pelo combo Faustão + relógios enormes + piadas de velho, os conservadores se surpreenderam ao chegar na Praça da Sé e notar que o protesto da esquerda também alcançara o local. Ligeira, a PM logo separou o joio do trigo e arremessou bombas de gás lacrimogêneo em direção aos antifas. Depois, inesperadamente, fez um cerco para que fotojornalistas não pudessem avançar sentido estação de metrô.
Veja abaixo mais fotos das manifestações.
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Foto: Rogério Padula