Jorge Nuno Pinto da Costa: uma pequena antologia

Os motivos e os episódios que lhe atribuem esse estatuto serão, precisamente, os objectos desta antologia. A intenção aqui passa muito mais por demonstrar como o presidente do Futebol Clube do Porto é um brilhante estratega de picardias, quase sempre armado com as melhores piadas ou larachas. Se essas são legítimas ou não, queremos cá saber…

Na forma como faz parar tudo à sua volta para se fazer escutar, Pinto da Costa não andará assim tão distante de um Jay-Z ou Kanye West à escala nacional. As suas citações são, geralmente, ouro para as manchetes dos jornais e rodapés dos programas informativos. Pinto da Costa entende melhor que ninguém as fragilidades do rival e utiliza-as contra ele sem qualquer piedade.

Ainda estará, por exemplo, bastante vincada na memória de todos os benfiquistas a imagem do seu treinador Jorge Jesus a cair de joelhos, em pleno relvado do Dragão, quando o Benfica sofreu o golo que ceifou as suas esperanças de alcançar o título.

Mesmo depois de perder o timing certo, Pinto da Costa reavivou o trauma benfiquista e, alguns meses depois do episódio, disse à comunicação que “o Papa tinha mostrado interesse em visitar o lugar onde Jorge Jesus se ajoelhou”. Os Smiths diriam que “That joke isn’t funny anymore”, mas, por acaso, esta continua a ser uma óptima piada.

Pinto da Costa tem mais clássicos que a Disney e foi à procura desses que fiz um apelo aberto a todos para que partilhassem os seus momentos favoritos. Foram muitos os participantes (no meu mural do Facebook) e a esses deixo os meus agradecimentos. Por agora, aproveito estas linhas para partilhar a minha trilogia de “pérolas” favoritas vindas da boca do Sr. Jorge Nuno. A primeira acontece depois de um derby entre o Porto e o Boavista, em que Jaime Pacheco, nessa altura treinador dos axadrezados, andava ressabiado com Rui Barros (a quem chamou de “carteiro”).

Foi por esse motivo que Jaime Pacheco se recusou sentar numa cadeira da sala de imprensa que já havia sido utilizada pelo “carteiro”. Quando questionado sobre o insólito da situação, Pinto da Costa referiu que, “provavelmente, Jaime Pacheco não se sentou por estar com um problema de hemorroidal”. Tão porco quanto genial.

As restantes partes da trilogia estão longe de ser tão bombásticas, mas demonstram igualmente como Pinto da Costa é exímio nas suas respostas à comunicação. Certa vez, quando uma pivô do noticiário (talvez Judite de Sousa ainda boa da cabeça) o alertou para o pouco de tempo de antena que lhe restava, o nosso comediante de serviço disse-lhe que “enquanto ele estivesse a falar, o canal tinha audiências”.

Noutra entrevista e sobre a possibilidade de negociar um dos jogadores mais importantes na equipa do Porto dessa época, Jorge Nuno respondeu qualquer coisa como “discutiremos isso quando nos reunirmos para brincar”, deixando no ar aquele tipo de reticências que só existem na arte dos mestres da ironia.

Algumas das principais leis da vida poderiam até levar-nos a julgar que a velhice seria capaz de vencer Pinto da Costa (da mesma maneira que abateu Herman José), mas o homem tem aquela capacidade muito Larry David de ver o seu humor ácido melhorar com a passagem dos anos.

Depois de tudo o que viveu, Pinto da Costa é quase um super-vilão ou um super-herói (conforme a vossa preferência clubística). A Lia Pereira [jornalista do Blitz], na resposta ao meu pedido há pouco mencionado, referiu um episódio que comprova isso mesmo: vitimando mais uma jornalista, que procurava saber se Pinto da Costa se tinha magoado com certo acidente, o mesmo assegurou que, com a idade que tem, tinha de cair de um sétimo andar para se aleijar.

Mas, para quê continuar aqui com todo este palavreado quando existem tantos vídeos no You Tube, que oferecem o melhor de um dos grandes humoristas do nosso tempo.

Segue a VICE Portugal no Facebook, no Twitter e no Instagram.

Vê mais vídeos, documentários e reportagens em VICE VÍDEO.