Chuva de gás lacrimogêneo no primeiro ato do MPL em 2018

Pedras voando em direção às viaturas da Polícia Militar, spray de pimenta, catracaço e muita gente passando mal com os efeitos de bombas de gás lacrimogêneo. É até um pouco complexo pensar que uma manifestação que seguiu pacificamente por mais de três horas e caminhou cerca de quatro quilômetros tenha tido esse saldo. Assim terminou a quinta-feira (11) para o Movimento Passe Livre (MPL), no primeiro protesto de 2018 contra o aumento da tarifa do transporte coletivo na cidade de São Paulo, que subiu de R$ 3,80 para R$ 4 no último domingo (7).

A VICE levantou que pelo menos um policial e um manifestante saíram feridos. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) informou que não houve presos.

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Manifestantes torcendo a faixa encharcada. Foto: Larissa Zaidan/ VICE

A concentração aconteceu em frente ao Theatro Municipal, na região central da cidade, com direito a uma potente chuva de verão que passou em alguns minutos. Lá, Francisco Bueno, integrante do MPL, falou com a VICE. “O João Doria e o Geraldo Alckmin, sorrateiramente, aumentam a tarifa no final do ano, pegando todo mundo de surpresa, evitando a cidade cheia e a explosão de uma grande revolta”, pontuou, mencionando o prefeito da capital e o governador do estado, ambos do PSDB.

Francisco Bueno, integrante do MPL. Foto: Larissa Zaidan/ VICE

Para o militante, um aumento nesse período de grande desemprego e trabalho informal “vai atingir muito forte o bolso da população trabalhadora, pobre e periférica”.

O MPL estimou que 20 mil manifestantes tenham comparecido ao protesto. Já a PM calculou 1.500 pessoas. Uma discrepância e tanto.

A linha de frente era composta pelos black blocs, que carregavam escudos feitos de chapa de madeirite com os dizeres “Doria patrão” e “R$ 4 no busão, não”.

Os black blocs na linha de frente. Foto: Larissa Zaidan/ VICE

O trajeto até o Largo da Concórdia, no Brás, se deu pacificamente, apesar de algumas pedras arremessadas em direção às viaturas policiais.

Já era noite quando o protesto foi encerrado na altura da estação Brás do Metrô. O Passe Livre executou seu ritual de sempre: fez um jogral e incendiou uma catraca de papel. E foi ali que a expectativa de uma noite tranquila acabou. As três vias de acesso que cercavam a multidão estavam apinhadas de PMs, instaurando no ar a ideia de que, se algo fosse acontecer, seria ali.

A Polícia Militar em ação. Foto: Larissa Zaidan/ VICE

Segundo relatos, um grupo de pessoas tentou pular as catracas, fazendo com que os guardas do metrô acionassem os policiais, que acabaram utilizando spray de pimenta e fechando a estação. Logo em seguida, bombas de gás começaram a explodir, fazendo boa parte dos manifestantes chorar, tossir e perder o ar.

No evento do ato criado no Facebook, muitas pessoas afirmam ter apanhado e sido revistadas pelos policiais.

Seguindo o próprio lema, “amanhã vai ser maior”, o MPL já anunciou o próximo protesto: será no dia 17 em frente à casa do prefeito João Doria.

Saque mais fotos do primeiro ato de 2018 do MPL abaixo.

Foto: Larissa Zaidan/ VICE
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