Na terça-feira à tarde, a SpaceX teve êxito no lançamento do foguete operacional mais poderoso do mundo. O Falcon Heavy foi utilizado para enviar o conversível pessoal de Elon Musk, o CEO da SpaceX, em órbita ao redor do sol. Táticas publicitárias duvidosas à parte, o lançamento foi tecnicamente impecável e visualmente impressionante, mas também se mostrou emblemático em relação às mudanças de monopólio da indústria espacial. A SpaceX demonstrou que é capaz de oferecer os mesmos serviços que seu único concorrente – a United Launch Alliance – por menos de um quarto do preço.
A SpaceX convidou repórteres para participar de uma entrevista coletiva com Musk na terça-feira à tarde para discutir o lançamento e suas implicações. Musk chegou à coletiva uma hora atrasado e com aparência exausta. Após apresentar as especificações técnicas do lançamento, a entrevista coletiva passou rapidamente para o futuro da SpaceX. Eis o que posso resumir:
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FALCON HEAVY
Melhor do que lançar um foguete que você fez é lançar esse mesmo foguete novamente. Isso é o que a SpaceX pretende fazer em maio, quando será possível ver um novo voo do Heavy. Esse Falcon Heavy não utilizará o principal propulsor do lançamento desta semana, pois ele foi destruído ao cair no oceano, a cerca de 300 milhas por hora, em sua viagem de volta na terça-feira à tarde, contudo, apresentará algumas melhorias importantes.
Talvez o maior aprimoramento tenha sido a utilização de propulsores laterais do quinto bloco de foguetes do Falcon 9 em vez de um quarto bloco de propulsores que levavam o foguete em seu voo inaugural. (Os “blocos” ou pacotes do Falcon 9 são usados para indicar repetições do Falcon Heavy com base em inovações tecnológicas.) O quinto bloco de foguetes da Falcon 9 são considerados a repetição final do foguete e oferece maiores e melhores impulso e apoios sobre o quarto bloco. Para o próximo voo do Falcon Heavy, Musk afirmou que o foguete poderá carregar o satélite de comunicações Arabsat-6 para a órbita.
BIG FUCKING ROCKET
O Big Fucking Rocket, anunciado em 2017, será, como diz o nome, grande pra cacete. Seu objetivo principal será lançar uma grande nave na órbita da Terra e além dela. O BFR é um passo muito importante nos planos de Musk de colonizar Marte e, muito provavelmente, será o primeiro veículo de voo apropriado para humanos com esse objetivo. De acordo com Musk, “o BFR é projetado para ser capaz de ser lançado em um espaço de algumas horas, enquanto a arquitetura do Falcon foi projetada para ser lançada com um intervalo de alguns dias em condições favoráveis”.
“O Falcon Heavy me deu muita confiança de que podemos fazer o projeto do BFR dar certo”, contou Musk aos repórteres na tarde de terça.
O BFR consistirá em um propulsor gigante de 31 motores (os motores são do tipo Raptor, os quais se espera que produzam até cinco vezes o impulso dos motores Merlin do Falcon) que conterão cargas comerciais e, por fim, humanos para a órbita baixa da Terra e além dela.
Embora a SpaceX tenha inicialmente sugerido que o Falcon Heavy possa ser utilizado para atirar pessoas à Lua, Musk voltou atrás nesses comentários em duas coletivas de imprensa nesta semana. Depois de perceber a rapidez do andamento do BFR, Musk afirmou que faz mais sentido certificar o BFR para voos espaciais humanos, em vez do Heavy, contanto que o BFR seja capaz de lançar cargas maiores de modo muito mais rápido. Musk afirmou que os primeiros testes de voo do BFR – pequenas “subidas” do foguete alguns quilômetros no ar antes de retornar à Terra – acontecerão no ano que vem.
CREW DRAGON
Um dos projetos mais originais e hypados do Falcon Heavy seria o envio de missões tripuladas, pelo foguete, à Lua em um veículo tripulado da SpaceX. Desde então, os planos foram modificados e é improvável que um Crew Dragon, com humanos dentro, seja colocada dentro de um Falcon Heavy, Musk contou aos repórteres esta semana. Ainda assim, Musk tem um contrato de seis lançamentos com a NASA para enviar tripulantes para a Estação Espacial Internacional (ISS) e afirma que espera cumprir esse contrato até o fim deste ano. A tripulação voaria até o ISS em um Crew Dragon no topo do Falcon 9. Antes que isso aconteça, entretanto, a SpaceX precisa que o Falcon 9 seja adequado para os voos de humanos. Trata-se de um processo que leva anos e envolve incontáveis testes e demonstrações bem-sucedidas da tecnologia.
Juntos, esses projetos alimentam o objetivo final da SpaceX e de Musk, que é ser a primeira empresa a levar humanos para Marte. Musk ainda almeja uma missão não tripulada para o planeta vermelho em 2022, e uma missão tripulada em 2024. É uma grande aposta, mas depois de assistir ao Falcon Heavy voar no Centro Espacial Kennedy, na terça-feira, parece muito mais provável do que nunca.
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