Este artigo foi originalmente publicado na nossa plataforma Broadly.
Rebecca e o namorado estavam juntos há um ano antes de acabarem, quando ela se apercebeu de repente – como explica à Broadly – que “o odiava e não conseguia passar nem mais um segundo na sua presença”. O mais surpreendente é que Rebecca, inglesa de 30 anos, voltou para ele um ano depois. “Experimentei o Tinder depois de acabarmos, mas não estava muito para aí virada”, recorda. E salienta: “Até que, certa noite, nos encontrámos por acaso numa discoteca, uma coisa levou à outra e voltámos”.
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Contudo, ela rapidamente percebeu que tinha sido um erro. “Tinha 28 anos e pensei para mim mesma ‘Já tiveste tantas más relações, tens a certeza de que esta não foi a melhor?”, mas, mais tarde, tive uma sensação de desconforto, que cresceu para um quase pânico pelo que tinha feito (ter voltado para ele). Não conseguia ver uma saída da situação que não fizesse de mim a má da fita, apesar de me ter chateado com uma amiga que me dizia que ele era mau para mim e que ia estragar a vida se ficasse com ele”.
Voltar para um ex-namorado é algo que goza de má reputação, mas, ainda assim, é comum. De acordo com um inquérito de 2016, 54 por cento dos britânicos voltam para o ex em média duas vezes, as duas oportunidades de tentarem melhorar a relação. Outro inquérito de 2016, feito a mil e 200 norte-americanos, concluiu que 60 por cento dessas pessoas estavam dispostas a voltar para os ex.
Vê: “O que é que se passa com o amor?“
“Os humanos tendem a ser criaturas de hábitos e é sempre mais fácil ficar pelo que já nos é familiar do que aventurarmo-nos pelo desconhecido”, explica o psicoterapeuta Toby Ingham. E acrescenta: “Voltar para uma relação antiga traz uma sensação de facilidade e segurança, em vez de ter que enfrentar a incerteza de estar sozinho e começar de novo. Fazer as pazes pode ser muito poderoso e encher-nos de amor”.
Contudo, Ingham acrescenta que há um risco de falhar, pelo facto de te estares de volta a algo que não resultou da primeira vez. “Há a possibilidade de que os problemas que existiam antes ainda existam – as discussões antigas e dúvidas não são esquecidas”, justifica. E sublinha: “Se a relação acabou por causa de divergências sobre o que queriam para o futuro, por exemplo mudar de cidade, ter filhos, casar ou não, nesses casos aconselho a tentarem resolver essas questões antes de voltarem”.
Isto é algo que Hannah, uma Relações Públicas de 34 anos do Reino Unido, conseguiu fazer com o seu ex, Tom, de 37. Depois de se reconciliarem há cinco anos, compraram uma casa, tiveram um filho vão casar este Verão.
O casal, que se tinha conhecido quando Hannah era uma estudante de 23 anos, estiveram juntos um ano e meio até ela conseguir emprego noutra cidade, o que levou a que se afastassem. “Uns meses depois, voltámos durante dois anos e acabámos outra vez”, conta Hannah. E acrescenta: “Mas, mantivemos contacto e encontrávamo-nos de vez em quando para beber um copo quando ele vinha à cidade onde eu trabalhava. Por alguma razão, fomos falando cada vez mais e eu comecei a visitá-lo em Brighton – de maneira muito natural parecia que voltávamos a encaixar, até que, eventualmente, voltámos a ser um casal”.
“O nosso problema principal, quando andámos a primeira vez, era que Tom não queria casar nem ter filhos, mas antes de voltarmos oficialmente a estar juntos desta última vez, perguntei-lhe se tinha mudado de ideias. Quando disse que sim, não me restava nenhuma dúvida”, justifica Hannah.
Rebecca Dakin, uma relationship coach, diz que as complicações podem surgir se uma pessoa não estiver disposta a mudar – ou se tiver começado a sair com outra pessoa, apesar de a anterior ainda estar apaixonada por ela.
“Se voltares a ter sentimentos pelo teu ex, mas ele já tiver seguido em frente, é importante trabalhares em ti e trazeres de volta a confiança”, aconselha. E explica: “Lidar com o fim de uma relação pode ser uma grande perda e é muito fácil ficar-se preso na rotina ou negativo e ressentido. Pensar em seguir em frente e, muito importante, não te apressares para uma relação só porque o teu ex-parceiro já tem uma”.
Dakin acrescenta, ainda assim, que se um casal teve uma relação saudável, com apenas certos elementos a não funcionarem, não há razão para não voltarem a tentar reacender a paixão, caso os dois estejam dispostos a mudar. “Se a relação não era tóxica ou muito co-dependente – situações que nunca podem ser verdadeiramente ultrapassadas -, se decidirem voltar a estar juntos e resolverem os antigos problemas, é possível construir uma relação boa e saudável”.
“Quando tinha vinte e poucos anos, era uma pessoa muito diferente, tal como Tom”, diz Hannah. E adianta: “Acho que, às vezes, conheces ‘O Tal’, mas eles não são ‘O Tal’ para essa altura da vida, o que pode levar a que tudo acabe”.
No entanto, para Rebecca, que está agora feliz numa relação com outra pessoa, a ideia de voltar para o ex é um grande não. “Para mim, pensar em voltar só me traz as pressões e ansiedades que vêm com a relação, porque nunca poderás ser verdadeiramente honesta ou aberta, porque há um grande elefante na sala”, diz. E conclui: “Ou foste tu a acabar ou acabaram contigo. Como é que se pode superar isso?”.
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