Música: Feromona


Aquelas Três
Edição de autor
9/10


Caguei no um, no dois, no sete e no dez. O três é o número perfeito. Três gins tónicos ao chegar a um casamento. Três manos de regresso a casa depois de um sábado que passou a ser domingo. “Three Days”, dos Jane’s Addiction. Três, o número mágico dos De La Soul. Três gajos de tronco nu a tocarem o rock como se fosse a única maneira de permanecerem jovens. Três canções tão pragmáticas como alguém que não quer voltar para a cama sozinho na concorrida noite algarvia.

E este último três é o que mais importa para falar de todas as qualidades que estes tipos condensam num EP logicamente intitulado “Aquelas Três”. Feromona esses que, com a entrada do João Gil, até passaram a ser quatro — um número igualmente simpático e sensual. O que me levou então a um primeiro parágrafo tão eloquente? Talvez a satisfação de ver como os Feromona brincam com as canções (há um refrão em espanhol), cantam o tédio de Lisboa e recorrem, sem complexo ou camuflagem, às influências dos anos 90. Fazem tudo isso conseguindo um hino pelo caminho (“Sábado à tarde” é brutal) e tornando tudo muito mais democrático ao disponibilizarem “estas três” no Bandcamp para quem quiser ouvir.

Os Feromona não são, nem precisam de ser, a melhor banda de qualquer século ou década. Somam assim mais três malhas a um conjunto generoso que faz deles uma das melhores bandas do país para ver embriagado pelo que seja (e isso pode ser apenas a vontade de fazer uma grande festa). Não é um título muito absoluto ou radical, mas assenta bem a quatro gajos que precisam de pouco tempo para provocar muita daquela desinibição que tanta falta faz no Verão.