Embora Rap é Compromisso (1999) seja o único álbum oficial do Sabotage lançado com o artista em vida, durante a sua trajetória o Maestro do Canão produziu diferentes versões para suas faixas e também soltou algumas inéditas, alguns remixes, outras instrumentais, além de ter realizado vários improvisos, no palco e no estúdio, com os camaradas, e participações em discos de outros grupos.
A maioria dos sons concebidos fora das sessões de Rap é Compromisso são fruto dessas interações com seus parceiros criativos. Nomes como Instituto, Z’África Brasil, RZO, SP Funk, Chorão, KL Jay, B. Negão e, até, o Sepultura (“Black Steel in the Hour of Chaos”).
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Essas músicas soltas foram alastradas pelos sites de compartilhamento de MP3, CD-Rs e compilações de rap entre os anos de 2000 e 2008. Mas foram reunidas em dois bootlegs em CD, para sanar a demanda pela expressão do rapper, morto no auge de seu apelo com o público, em 2003.
Alegra que as versões presentes em Uma Luz que Nunca Irá se Apagar (2002) e em Rap É o Hino que me Mantém Vivo (Cosa Nostra; 2008) não são nada toscas. A qualidade das gravações mostra que rolou uma masterização até que honesta na parada, e por isso são discoteca básica para quem curte a onda do Sabota. O primeiro título vem recheado com mais de uma hora e meia de rap. O segundo, com quase uma hora. Por coincidência, ambos saíram com 18 faixas.
No repertório geral, entrou só uma música do EP com quatro sons que o Sabota lançou em 1997, Supervisionando a Sociedade. Trata-se de “Rap Nacional 2000º”, e está na lista de Rap é o Hino… . Neste, incluíram ainda cinco trechos de entrevistas com o Sabotage, cheias daquelas máximas marcantes que ele disparava, como: “Se existem 300 milhões de habitantes neste hemisfério, existem 300 milhões de tipos de vida diferentes”.
Em meio aos depoimentos garimpados acha-se até o áudio original da clássica entrevista em que ele conta como surgiu um pedaço da letra de “Cocaína”. Foi quando ele cantou pela primeira vez a dobradinha “Rap é Compromisso” e “Cocaína” numa rádio, acompanhado do camarada Max B.O.: “Eu estava bem louco na rádio, comecei a errar a letra, e ele começou a improvisar um freestyle que, em homenagem a ele, eu falei: ‘Cara, eu vou usar essas palavras que você inventou na hora. Dalí o pessoal conseguiu fazer uma pirataria’.”
Nem espanta que o Sabota tenha deixado esse rastro de faixas soltas por aí. Afinal, é sabido que, a cada take, ele costumava mandar uma letra diferente, com novas palavras e improvisos. Assim, músicas diferentes brotavam o tempo todo de sua mente, cheias de gírias, neologismos e onomatopeias. Talvez você até encontre Uma Luz… e Rap é o Hino… em CD nos camelôs ou galerias da 24 de maio. Mas, para a nossa alegria, está tudo na internet. Pega esse flow:
E nesta segunda (17) transmitiremos o Facebook Live que o Spotify está armando para trazer garbo, elegância e emoção para o tão aguardado lançamento do álbum póstumo do Sabota. Enquanto segunda não é hoje, ouça a playlist que o pessoal do Spotify Brasil bolou só com as clássicas do Maestro do Canão e fica ligeiro nas redes sociais do Spotify e do Noisey.