
Geraldo Dunga, uma das vítimas do desastre em Mariana, Minas Gerais. Foto: Flavio Freire
Encontramos Geraldo Dunga, 58, cruzando uma trilha que levava até a casa do vizinho, invadida pela lama. Diante da casa em que está hospedado por um amigo, no mesmo distrito em que morava, Camargos, o pequeno produtor desabafa sobre a lama que invadiu sua fazenda, vizinha a Bento Rodrigues. “Se tivesse perdido tudo, seguiria adiante, é mais fácil se levantar. Eu não perdi tudo, mas também não tenho mais minhas coisas direito, é o pior caso.”
Em poucos hectares, Dunga e a esposa, Graciete Isabel Vieira, 54, cultivavam capim e cana para alimentar as vacas com as quais produziam leite e queijo que vendiam, além de manter outros animais como porcos, galinhas e cerca de 30 cães. A maior parte deles ficou presa na lama das barragens da mineradora Samarco, que se romperam no último dia 5 de novembro.
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Em 2011, a empresa tentou comprar o terreno, junto com ofertas feitas a outros proprietários, como parte do trabalho de remanejamento ambiental, mas ele recusou a oferta. Hoje se diz arrependido.

Funcionário da Samarco registra casa no distrito de Camargos. Foto: Matheus José Maria/Agência AVA
Fuga pela mata
“Devo a vida de cinco pessoas próximas ao Marquinho”, conta sobre outro amigo que, de moto, avançou em direção ao tsunami que se aproximava de Camargos. “Ele gritou para que minha esposa e meu pai, de 90 anos, subissem o morro. E assim eles foram. Meu pai caminha como chinês, com passos pequenos, mas com ajuda de outras pessoas, abriram uma picada pela mata e se salvaram”, narra.
Geraldo Dunga garante que não sairá da casa onde está hospedado, a cerca de 1 km da sua. Apesar da oferta de se hospedar em um hotel na área urbana de Mariana, teme que a propriedade seja saqueada – já teriam roubado galinhas nos últimos dias – e que os animais que sobraram morram sem alimentação e água.
Mesmo recusando a estadia, Geraldo se irrita com vizinhos que, segundo ele, se beneficiam da situação, mesmo sem necessitar: “O pessoal não perdeu a casa, não perdeu animais, nada, e ainda assim vai pra hotel! Isso é se aproveitar da situação”, reclama, pedindo que a demanda dos “realmente afetados” por indenização não seja esquecida.
ColaborouSusan Ritschel*

Caminhão atingido pela lama de dejetos. Foto: Matheus José Maria/Agência AVA
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