O centro de Fortaleza, no Ceará, está a 45 minutos do município Caucaia, onde está localizada a Terra Indígena Tapeba. A proximidade com a cidade, porém, não faz dos Tapeba índios urbanos. Para eles, foi a cidade que cresceu demais, invadindo seu território.
O aldeamento indígena que luta pelo reconhecimento de seu território desde 1986 é conhecido no Ceará como “o primeiro grupo a levantar aldeia” — expressão que se refere ao processo de reafirmação étnica e cultural ocorrido na década de 80. Hoje, existem sete mil Tapebas e, de acordo com a FUNAI (Fundação Nacional do Índio), o espaço onde vivem sofre com impactos de empreendimentos, especulação imobiliária e tensões constantes motivadas por conflitos fundiários.
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É fácil entender que a incessante busca dos Tapeba por demarcação de suas terras não é uma particularidade cearense — desde a década de 1960 autoridades locais forçavam a teoria de que não havia população indígena no Ceará.
Vale lembrar que no Nordeste, e, em alguns estados mais que em outros, o etnocídio contou com uma estratégia de resistência (o silenciamento étnico) que durou por muitas décadas. Sobre o assunto, o pajé do povo Tremembé, Luís Cabôclo, afirma: “Teve um tempo que pros índios existirem foi preciso calar, mas agora, chegou o tempo que pros índios existirem eles precisam falar”.
Segundo dados da FUNAI, o desenho territorial do espaço que os Tapeba ocupam faz com que eles estejam tanto em áreas rurais — onde está a maioria de sua população — quanto em áreas urbanas, em bairros da cidade de Caucaia. Os Tapeba localizados nas áreas rurais sobrevivem da agricultura, do extrativismo (corte da palha da carnaúba e extração da cera) e do artesanato que também utiliza a carnaúba como matéria-prima. Os que vivem na cidade, por sua vez, sobrevivem do comércio ambulante, dos pequenos negócios e do trabalho assalariado.
A carnaúba, pra além de fonte de sustento virou também símbolo de resistência cultural dos Tapeba. O tronco da árvore serve como alicerce de muitas casas, e a palha faz as vezes de teto e até mesmo de veste. E em outubro, os Tapebas reverenciam a árvore em uma festa que reafirma sua identidade indígena no mesmo mês em que, no dia 3, comemoram o Dia do Índio Tapeba. Abaixo, mais imagens da festividade do grupo indígena do Ceará:
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Antonello Veneri/VICE

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