Foto: Reprodução Facebook
Paulinho Jiraya foi quem confirmou a notícia para a VICE. Baterista e vocalista do clássico grupo de samba-rock brasileiro Os Virgulóides, que marcou os anos 1990, Jiraya revelou por telefone que seu companheiro de banda, Marcello Cassettari, morreu nesta segunda (20) aos 51 anos. A causa que levou Fumaça, como era conhecido artisticamente, foi um escorregão no banheiro de casa que lhe custou duas costelas quebradas. Marcello morava em Mongaguá, litoral paulista, e foi levado para um hospital público em Santos, segundo Jiraya. “O que me deixa triste é que ele morreu por negligência médica. O médico mandou ele para casa e uma perfuração dos órgãos internos pela costela quebrada o matou”, lamenta o amigo.Marcello foi levado à Unidade de Pronto Atendimento Quietude, onde, erroneamente, foi submetido a um raio-x da bacia. Sem condições de atendê-lo de maneira devida, indicaram que fosse ao Hospital Irmã Dulce. Segundo a filha dele relatou, não foi oferecido transporte ao paciente. Depois de aguardar horas pela demora no atendimento no Irmã Dulce, lá ele foi instruído a ir para casa e retornar à noite para buscar o resultado de um exame de sangue. Fernanda Cassettari disse ainda que seu pai reclamou de dores fortes na região das costelas, mas a equipe do hospital ignorou a gravidade do problema. A possibilidade de perfuração interna dos órgãos, segundo ela, sequer foi cogitada.Fumaça cantava, tocava guitarra e cavaquinho n’Os Virgulóides. Em outras bandas de rock no litoral, ele tocava baixo. Entrou na formação pouco antes de eles assinarem com a Polygram e lançarem o Só Pra Quem Tem Dinheiro?, álbum que teve a participação de Bezerra da Silva em “Alcoólatra da Fumaça”, e Raimundos, na faixa “Eu Sou Rebelde”, regravação de um sucesso da Jovem Guarda.Com As Aventuras dos Virgulóides, a bem-humorada banda de Cidade Dutra, Zona Sul de São Paulo, ficou ainda mais famosa, mas este foi também o último disco. O maior sucesso de todos os tempos d’Os Virgulóides, no entanto, sempre será a faixa do primeiro disco, de 97, “Bagulho no Bumba”. O riffzinho de cavaco na introdução de “Bagulho no Bumba” é muito pegajoso, e marcou uma época do rock nacional, principalmente para quem assistia MTV. O que mais chamava atenção n’Os Virgulóides era a ironia das letras e a mistura de ritmos aparentemente incompatíveis pra época, mas que deram uma boa cadência.A banda foi apadrinhada do Carlos Eduardo Miranda, que produziu o primeiro álbum. Logo no CD de estreia os caras venderam 200 mil cópias. Pela marca, Fumaça pôde comemorar com os camaradas o recebimento do prêmio MultiShow de Música Brasileira na categoria revelação. A última apresentação d’Os Virgulóides foi na edição carioca do Rock in Rio em 2001. Marcello havia saído um pouco antes.Depois de um período sem contratos, os integrantes encerraram as atividades e seguiram a vida. Em 2012, o conjunto se reuniu para tocar na Virada Cultural de São Paulo. Marcello não esteve nesse reencontro, mas nunca deixou de tocar em bandas. Nos últimos tempos, ele integrava o grupo Matilha BR e trabalhou como auxiliar de fiscalização e motorista no IPEM-SP (Institutos de Pesos e Medidas do Estado de São Paulo).Leia mais no Noisey, o canal de música da VICE.
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