
Ilustração por Jay Howell.
O aniversário de 70 anos do Lemmy foi alguns dias atrás. Lembro de ter pensado “Caramba, não acredito que o Lemmy tem 70 anos”. Aí, quatro dias depois, ele morreu. Lemmy começou a tocar rock no começo dos anos 60 e continuou até mês passado, bebendo e chapando esse tempo todo. Ele era a personificação do conceito de roqueiro, uma figura fora da sociedade que sobrevive apesar de seus hábitos autodestrutivos, como um artista da fome moderno. É difícil listar pessoas que estão no mesmo nível que ele. Keith Richards é o mais próximo, mas os Rolling Stones foram abraçados pelo cenário sofisticado há muito tempo, de um jeito que a banda de Lemmy nunca poderia ser. O rock ‘n’ roll está cada dia mais nostálgico, e seus participantes parecem cada vez menos rebeldes e mais boy bands alternativas que capitalizam em cima da imagem de rebelião. Não sei se é algo triste Lemmy ter morrido. Ele viveu muito mais do que parecia plausível e aparentemente ficou mais de 50 anos fazendo o que ama. Triste é que não vamos mais ter o Lemmy, e o vazio que fica é a pior parte.
Pedi a artistas profissionais e amadores para que homenageassem Lemmy com desenhos e algumas palavras de tributo. Recebi cerca de 100 trabalhos e vou apresentar os 13 melhores. O primeiro, de Jay Howell, está acima. E eu também fiz um.
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Leia: Entrevista com Lemmy
“Se Deus e Lemmy lutassem, quem ganharia? Lemmy? [Som de campainha] Deus? [Som de campainha] Errado de novo, é uma pegadinha. Lemmy é Deus.” – Airheads
Lemmy era a encarnação do rock ‘n’ roll. Rock ‘n’ roll é uma coisa que está em falta no mundo hoje e o Lemmy se agarrava a isso com todas as forças. Se todo mundo fosse mais como o Lemmy, e vivesse tanto quanto ele, provavelmente seríamos mais felizes. Agora que ele se foi, sinto que o rock se foi também.
Stacia BlakeMinha memória mais antiga do Lemmy é ouvir ” Ace of Spades” no quarto do meu irmão, torcendo para nossos pais não nos pegarem.
O poder cru, a simplicidade intrincada e a autenticidade pura do som do Motörhead, do ritmo do Lemmy e de seu vocal rouco (assim como sua aparência chocante) eram algo que eu nunca tinha ouvido ou visto antes, mesmo conhecendo coisas como Sabbath e os discos mais antigos do Metallica.
Lemmy está no topo da minha lista de primeiras inspirações para tocar baixo, e foi um dos melhores baixistas de todos os tempos!
Lemmy, você viveu e tocou pesado — siga em paz!
Desenhei a matéria anunciando a formação do Motörhead. Achei inspirador.
Devo muito ao Lemmy. Quando eu estava tentando descobrir o que fazer da minha vida e da minha família, Lemmy deixou bem claro que o rock ‘n’ roll podia ser uma coisa para a vida toda, que ficar nas encruzilhadas do rock, onde todos os contos de fadas quebrados do metal, punk e coisas assim se encontram, era O CAMINHO, e que você podia fazer isso e ainda ser mais foda, “punk” e “metal” que qualquer punk ou metaleiro. RIP LEMMY.
Depois de três dias no mar, em algum lugar perto do Triângulo das Bermudas, testemunhei Lemmy invocar os poderes de Poseidon para fazer cerca de 2 mil metaleiros queimados de sol baterem cabeça. Fui chamado para ilustrar a farofagem a bordo do cruzeiro Motörhead Motorboat, e essa foi uma responsabilidade que levei a sério. Durante quatro dias, documentei homens adultos vestidos de galinhas demoníacas, competições de barrigada, pentagramas de algas, muitos bêbados, muitos peitos e shows como Slayer, Anthrax, Suicidal Tendencies e Shrine, e até ouvi rumores de guerras de bolo às 5 da manhã e glory holes improvisados. Essa era uma jornada que só o poderoso Motörhead conseguiria navegar, com o Lemmy no timão. Foi uma honra ter participado.
Leia: Bundas, Barrigas e Tatuagens: Fotos do Motörboat, o Cruzeiro do Motörhead
Setenta anos fazendo só o que você quer e tendo sucesso nisso é uma vitória, não importa o ângulo por onde você olha… Perdemos um cara muito foda. Felizmente ele vai continuar vivendo através de tudo que criou.
Não diria que sou um grande fã. Mas eu apreciava o impacto que Lemmy criou na cena musical. Tenho amigos que puderam conhecê-lo ou tocar com ele pessoalmente. Lemmy definitivamente era um cara único, um personagem de desenho vivo (ele é muito divertido de desenhar), e estou surpreso de não ter feito isso antes. Pena que não estou morto para ver aquela luta.
Amo Motörhead há anos. As letras, a música, a imagem e a tenacidade vão viver para sempre. Lemmy, que você cavalgue eternamente num garanhão de aço pelos céus de Valhalla. Descanse em paz.
Sempre que escuto “rips” ou “ripper”, lembro imediatamente do Lemmy. Eu não conhecia muita coisa além do primeiro riff de “Ace of Spades” até alguns anos atrás, quando vi eles tocarem ao vivo abrindo para o Iron Maiden. Ver aquelas verrugas pessoalmente chamou minha atenção. Ah, e como baixista, aquele tom podre dele era algo que eu vinha tentando copiar há anos. Fiquei chocado e ao mesmo tempo não com a morte dele. Ele parecia um desses caras que vão enterrar todos nós.
Tradução: Marina Schnoor
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