Em toda Olimpíada ou competição internacional, os boxeadores cubanos são sempre o pesadelo dos demais atletas. Além de charutos e rum, a ilha é notável exportadora de campeões nos ringues.
A história do esporte no país tem uma peça chave: o Ginásio Rafael Trejo, fundado na década de 40 no bairro Habana Vieja. A princípio, o local não chama muita atenção. Tem apenas uma entrada pequena, dois murais com fotos antigas e um escritório escuro à direita. Mas passando pela recepção está o ringue onde exatamente todos os campeões cubanos, como Mario Kindelán, Félix Savin e Teófilo Stevenson, treinaram.
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O lugar é antigo e charmoso, assim como a maioria das construções da capital, e quando cheguei havia garotos de 6 a 11 anos treinando, o que criava um cenário ainda mais lindo.
O professor é o ex-lutador profissional René Pedroso, que hoje tem 51 anos e chegou ali com apenas 14. “Minha vida é aqui” disse ele. Tiozinho bom de papo, contei a René que havia praticado boxe há dez anos atrás e lhe pedi autorização para treinar um pouco. Ele logo me deu as luvas e me colocou no ringue com um garoto que disse ser especial. Yunyor, de apenas 9 anos, passou me olhando com cara de mal e fomos “brincar”.
A manha quando se tem uma envergadura muito maior que a do seu rival é trabalhar à distância com jabs, e foi isso que fiz. No começo pareceu fácil, mas assim como fazem os profissionais, o garoto estava me estudando. Quando comecei a relaxar achando que seria tranquilo demais, o menino entrou com tudo, uma sequência de golpes tão rápidos que nem consegui contar. Enquanto todos estavam rindo, achei que era mais oportuno trocar o ringue pela câmera fotográfica.
Depois fui saber que Yunyor era o capitão da equipe e que todos apostam no garoto como promessa do esporte. Se algum dia ele for campeão mundial, terei orgulho em dizer que apanhei dele.
Confere aqui mais fotos dos garotos boxeadores de Cuba: